O romance O ventre do Atlântico (Malê, 208 pp, R$ 42), de Fatou Diome, aborda a paixão pelo futebol e as questões identitárias e sociais dos imigrantes africanos na França e dos que desejam imigrar para os países europeus. Salie vive na França tentando se adaptar a vida como imigrante. Seu irmão, Madické, vive no Senegal e é apaixonado por futebol. Ele sonha em ir morar com a irmã, fazer carreira em um clube francês e confia em Salie para alcançar seu objetivo. Para Salie, a imigração representou uma dolorosa experiência de exílio, solidão e racismo e por isso tenta convencer seu irmão sobre o quanto pode ser utópico o desejo que ele alimenta. No entanto, Madické e seus amigos se apegam ao sonho de um futuro promissor que lhes permitirá brilhar nos estádios como as estrelas africanas do futebol na Europa. O livro é uma incessante viagem de ida e volta entre o Senegal e a França, onde a narradora descreve a situação dos imigrantes que rapidamente se tornam ilegais, enfrentam o racismo e as ameaças de expulsão. Mas Fatou Diome também é lúcida ao falar do Senegal, quando descreve problemas sociais como o analfabetismo e a situação das mulheres, que são mencionados de uma forma corajosa e sem concessões.