A impressão ontem e hoje
PublishNews, Maju Alves*, 23/10/2019
Em seu artigo, Maju Alves conta como foi conhecer o Museu de Gutenberg e sobre a história da impressão

Dois mil e dezenove marca o ano da minha primeira feira de Frankfurt. Mas não é sobre a feira que quero escrever, pois acredito que muitos de vocês estão cansados de lerem os relatos (para aqueles que não estão, procurem pelos diários da Talita Camargo, nossa marinheira de primeira viagem desse ano), mas, sim, para escrever sobre Gutenberg.

Como alguém que começou a ter contato com o mundo editorial através do mercado de papel, passei muito tempo em gráficas. A parte impressa do livro é fascinante e visitar parques gráficos virou uma atividade estranhamente prazerosa (algo como visitar lojas de material de construção).

Saindo do Meno e indo para o Reno, na cidade de Mainz, bem próxima de Frankfurt, está localizado o Museu de Gutenberg, uma exposição de grande variedade de itens relacionados a sua invenção mais importante: a imprensa móvel, criada em 1439.

A impressão, que antes era feita manualmente em um processo lento e árduo, depois da invenção dos tipos de metais móveis de Gutenberg, que podiam ser dispostos aleatoriamente, tornou o processo mais rápido e massificado, permitindo algo de grande importância: a disseminação de conteúdo através dos textos impressos. E a primeira impressão feita – sem nenhuma surpresa – foi a Bíblia.

Descendo um lance de escadas no museu, há uma réplica da oficina de Gutenberg com apresentações em alemão e inglês que acontecem várias vezes ao dia, demonstrando a utilização da imprensa no século XV. O demonstrador aqueceu uma parte de metal e derramou sobre um molde; quando esfriou, os tipos foram organizados naquele molde para criar as palavras e frases, até formar uma página completa. Por fim, um papel em branco foi colocado em cima do molde e uma ajudante – da plateia mesmo – prensou a placa sobre ele. É, imprimir uma página naquele tempo demorava, isso sem contar o tempo para montar o molde com as letras. No entanto, apesar de muito mais simples, é possível ver, nas máquinas de hoje, muito da ideia original de Gutenberg, que foi sofrendo alterações ao longo dos anos. Por exemplo, da ideia de organizar letra por letra e passar a tinta manualmente nas formas surgiu a impressão cilíndrica, permitindo mais rapidez, e a linotipia, na qual as letras não precisam ser colocadas uma por uma.

É impressionante ver a história de como surgiu esse mercado gráfico tão importante para o mercado editorial em que estamos inseridos hoje em dia. Por mostrar livros impressos de diversas maneiras e em diversas superfícies, é um passeio para antes da feira já começar a imersão nesse universo. Sem Gutenberg, o livro não teria se popularizado e atingido grandes massas. E embora hoje tenhamos máquinas supermodernas, ainda temos muito trabalho para disseminar a leitura, mas nossos desafios já são outros…


* Maju Alves é formada em Marketing e é pole dancer nas horas vagas. É também responsável pelos projetos especiais do PublishNews desde 2017.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PublishNews.

[23/10/2019 03:30:00]