Uma jornada de autoconhecimento
PublishNews, Redação, 17/09/2019
Na obra, publicada pela Kapulana, a personagem Ada nasceu com diversos seres dentro de si

Com uma linguagem crua e física, narrada majoritariamente na primeira pessoa do plural – nós –, Água doce (Kapulana, 208 pp, R$ 52,90 - Trad.: Carolina Kuhn Facchin), obra de Akwaeke Emezi, renega a possibilidade de um “eu” único e uniforme, celebrando e advertindo sobre a vida em espaços liminares. Ada sempre foi estranha. Quando criança, vivendo no sul da Nigéria, a família se preocupa com ela e não a entendem. Seguindo a tradição, os pais rezaram para consolidar a existência da criança ainda no ventre, mas algo deu errado: talvez os deuses tenham esquecido de fechar a porta, pois Ada nasceu com “um pé do outro lado”, e começa a desenvolver diferentes personalidades. Quando ela vai para os EUA para a universidade, um evento traumático acaba sendo o catalizador que transforma esses muitos “eus” em algo mais forte. Ada vai desaparecendo e dando lugar a esses outros seres – às vezes, protetores, às vezes, algozes. Com isso, sua vida vai saindo de controle e se move em uma direção perigosa. Água doce narra uma jornada de autoconhecimento, crescimento e aceitação, da filha de um deus jogada no mundo com um pé ainda do outro lado.

Tags: Kapulana, romance
[17/09/2019 07:00:00]