Não é de hoje a história de Flávio Ilha com o livro. Ele foi editor da revista gaúcha Aplauso entre 2004 e 2010 e, como correspondente em Porto Alegre dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, esteve na cobertura de importantes eventos literários como a Jornada de Passo Fundo e da Feira do Livro de Porto Alegre. Agora ele se junta à também jornalista Denise Nunes para criar a Diadorim, editora que prevê publicar livros de ficção e não ficção, dando especial enfoque aos autores da região. De saída, o primeiro livro, previsto para outubro, será Todos querem ser Mujica – crônicas da crise, que reúne 60 textos publicados pelo jornalista gaúcho Moisés Mendes no jornal Zero Hora. Moisés, explica Ilha, se destacou na região por “defender ideias de um conteúdo humanista, num cenário crescente de radicalização das opiniões”.
O livro está em pré-venda pela plataforma Kickante, com previsão de lançamentos em Porto Alegre e Pelotas. Ilha adiantou ao PublishNews que o enfoque da linha editorial será na própria região. “Claro, somos daqui, nossos conhecidos estão aqui. Queremos no nosso catálogo autores locais que tenham alguma relevância para públicos bem específicos”, justifica. As pequenas tiragens também serão distribuídas localmente. Ilha disse ao PublishNews que avalia ser contraproducente pensar, nesse momento, em uma distribuição nacional. Não só pelos custos disso, mas também pela temática regionalista que pretende imprimir em seu catálogo. “São livros que dificilmente teriam alcance além de Mampituba”, brincou fazendo referências à cidade que faz divisa com Santa Catarina.
“Pensamos em produzir livros autossustentáveis, que se paguem, que circulem localmente e que satisfaçam um nicho de mercado”, explica. Além disso, Ilha acredita no mercado de livrarias alternativas de Porto Alegre para dar vazão aos seus livros. “Nosso foco seria nesse mercado alternativo. Aqui em Porto Alegre, tem uma série de livrarias de rua que têm um público cativo, que estão sempre em busca de novidades”, completou.
Os planos a médio prazo preveem um intercâmbio com autores e editoras localizadas na Bacia Platina. “O Sul, mais do que a proximidade física, tem uma proximidade cultural com os países da Bacia do Rio da Prata. Além disso, Buenos Aires e Montevideo têm muitas editoras independentes que trabalham de forma quase artesanal. Queremos trocar tradições, lançamentos e promover o intercâmbio para que esses mercados sejam expandidos a seus públicos de interesse”, comentou. Ilha pensa inclusive na criação de uma revista eletrônica periódica que reúna a produção desses editores.
Um primeiro passo nesse sentido deve ser dado em março, para quando a Diadorim prevê o lançamento de um guia de tango. “O tango no Sul é uma instituição. Muita gente viaja para dançar ou assistir a espetáculos de tango. Em Porto Alegre, há escolas de tango que fazem milongas. É um mercado interessante”, comentou. “Estamos fechando esse livro. Por enquanto, o que posso dizer é que está sendo escrito por uma professora brasileira que dá aulas de tango em Buenos Aires”, fez mistério.
