A literatura infantojuvenil brasileira esteve com a faca e o queijo na mão para crescer nos últimos 12 meses. O país foi homenageado na Feira do Livro de Bolonha e Roger Mello foi o primeiro ilustrador brasileiro a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, o que ampliou a projeção mundial do seu trabalho. Só a Companhia das Letras, por onde o autor já lançou nove livros, realizou cinco negociações de direitos de títulos de Mello para outros países. A editora está entre as 23 casas que participarão do estande coletivo do Brazilian Publishers/CBL na edição de 2015 do evento que acontece de 30 de março a 2 de abril. “Roger continua sendo uma das nossas grandes apostas”, revelou Rita Mattar, rights manager da Companhia ao PublishNews. Inês de Castro, o inédito de Roger Mello previsto para ser lançado em maio no Brasil, será apresentado aos editores internacionais durante a Feira de Bolonha.
De acordo com Rita, no entanto, não se pode dizer que houve um crescimento nos negócios depois da homenagem recebida em Bolonha, mas “a expectativa é que aumente ao longo do tempo, ano após ano”, disse. Um dos reflexos positivos apontados por Rita foi um aumento no interesse de editores estrangeiros pela literatura infantojuvenil. De acordo com ela, a Companhia das Letras passou a trabalhar com uma agência especializada em literatura infantojuvenil na China e na Coreia. Outra editora que esteve no ano passado e volta agora a Bolonha, é a Melhoramentos. De acordo com Breno Lerner, superintendente da casa que publica figurões da literatura infantojuvenil brasileira como Ziraldo e José Mauro de Vasconcelos, o crescimento na venda de direitos autorais no mercado internacional foi inercial. “Verdade seja dita que já tínhamos uma boa quantidade de negócios encaminhados e que foram se concretizando ao longo desse ano”, revelou ao PublishNews. Lerner diz ainda que não há meios de precisar se o crescimento registrado pela Melhoramentos está relacionado à homenagem recebida em 2014. No entanto, “a participação em feiras continua sendo fundamental”, avalia.
A participação brasileira em 2015
A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) divulgou no final da semana passada o catálogo de obras que serão apresentadas na feira. Ao todo, são 187 livros selecionados entre quase 620 títulos enviados pelas editoras à entidade. O catálogo dá um panorama da produção da literatura infantojuvenil e serve como uma vitrine de vendas de direitos desses títulos no mercado internacional.
Além disso, o Brazilian Publishers (BP)-- projeto setorial de fomento às exportações, resultado da parceria da Câmara Brasileira do Livro (CBL) com a Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) – está levando 23 editoras para o estande coletivo do Brasil na feira. Além de Companhia das Letras e Melhoramentos, participam do estande: Associação Fransciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, Autêntica, Biruta, Callis, Cortez, Cosac Naify, Dedo de Prosa, Editora do Brasil, Fama Educativa, FTD, Girassol, Global, Jujuba, Mar de Ideais Navegação Cultural, Maurício de Sousa Editora, Pallas, Positivo, Rovelle, Silva Cesar Ribeiro Editora e Importadora, Todolivro e Vale das Letras. A expectativa do BP é que sejam negociados algo em torno de US$ 120 mil já na feira, e de mais US$ 280 mil nos 12 meses seguintes ao evento. Isso considerando a venda de diretos autorais e de livros impressos.
“Desde que começamos nossa participação em Bolonha, computamos números que demonstram crescimento de vendas. O editor brasileiro está cada vez mais bem preparado e há uma mudança do posicionamento estratégico utilizado pelo grupo de empresários”, afirma o recém-empossado presidente da CBL, Luís Antonio Torelli. “Um importante diferencial para a realização dos negócios é a possibilidade das empresas obterem a bolsa tradução subsidiada pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN)”, completa Torelli. Para Dolores Manzano, gerente executiva do BP, a feira é importante na consolidação do Brasil como país exportador de conteúdos: “o Brasil está passando de país comprador de direitos autorais para vendedor de conteúdo. Um evento deste porte oferece inúmeras oportunidades, e temos que aproveitá-las todas”.
A FTD preparou um catálogo próprio com 50 títulos para apresentar na feira, com destaque para Tatiana Belinky, Ana Maria Machado, Marina Colasanti, Heloisa Prieto e Flávia Savary. “Iremos à Feira com o intuito de prospectar novas obras para aquisição de direitos e oferecer os títulos que selecionamos para o catálogo internacional 2015”, informa Ceciliany Alves Feitosa, diretora de Projetos Especiais e Literatura da casa. Já a agente Patricia Seibel, da Seibel Publishing Services, agência especializada em negociar títulos brasileiros no mercado internacional, aposta em títulos de Monteiro Lobato, Eva Funari, Ilan Brenman, Paula Pimenta e Talita Rebouças. No rights guide que ela levará a Bolonha estão títulos de editoras como Ática, Alfaguara, Autêntica, Moderna, Globo, Brinque-Book, SM, Objetiva, WMF Martins Fontes, Record, Editora do Brasil, Rocco, Global e Planeta.