O poder da meia hora em Frankfurt
PublishNews, Patrícia Quero, 10/10/2014
Nossa colunista pop-up, Patrícia Quero, conta como foram seus primeiros dias em Frankfurt

Então, finalmente, a feira começou. Acordei e ainda estava convivendo com a curiosidade de como seria o primeiro dia do evento. Só nessa quarta–feira foram nove reuniões, uma seguida da outra e, inexplicavelmente percebi que você pode fazer muita coisa em 30 minutos: negociar, começar amizades, trocar de pavilhão ou até ficar na fila do banheiro (veja, mesmo na Europa, as filas do banheiro feminino persistem em existir. Esse também é um bom lugar para fazer amizades).

Para me organizar e não perder nada, pensava nas coisas em passos. Passo 1: acordar cedo (talvez tenha sido cedo demais); Passo 2: tomar um café reforçado. Se você vai a Frankfurt, essa é a dica que você mais recebe "coma bem no café da manhã porque você não sabe que horas vai conseguir comer novamente". Acho que ouvi isso de umas seis pessoas e minha parceira de trabalho reforça diariamente. Ela diz que eu insisto em comer apenas um iogurte... Talvez, quando me pedirem uma boa dica, falarei a mesma coisa, é realmente importante comer bem no café da manhã.

Passo 3: pegar o metrô para ir à feira, chegar à estação. Quando se chega na Messe, todo mundo desce. É quase como chegar à Sé às 7 da manhã, em São Paulo. Todo mundo sai, ainda alinhado para começar o dia e anda para o seu destino. É quase robótico. Uma multidão caminha com passos firmes pelos grandes corredores dos pavilhões. Um miniexército de editores munidos de suas credenciais e de seus cadernos de anotações.

Passo 4: localizar a primeira reunião. Esse aqui é o passo mais importante.

As reuniões vão acontecendo uma atrás da outra e sem parar e quando você se dá conta, a hora do almoço passou e você nem viu. E olha, a hora do almoço é algo sagrado, não sou de dispensar esse tipo de refeição.

Em alguma meia hora estrategicamente deixada para executar essa tarefa ou para atravessar o pavilhão para outra reunião, come-se qualquer coisa pouco saudável (as opções da feira não são tão estimulantes) e quase sem perceber o dia já acabou e aquelas pessoas arrumadinhas estão deitadas no chão, sublimando a presença das próprias camas.

Se você sobreviveu ao primeiro dia, nada que aparecer no meio do caminho parecerá tão assustador. Uma reunião não marcada ou um jantar qualquer acabam sendo bastante tranquilos e até, prazerosos, quem diria.

* Patrícia Quero é editora da Saraiva e está visitando a Feira do Livro de Frankfurt pela primeira vez. Ela topou o desafio do PublishNews de contar as suas impressões como marinheira de primeira viagem.

[10/10/2014 00:00:00]