Depois de incitarem os leitores a enviarem e-mails diretos a Jeff Bezos para que falassem o que achavam da inesgotável briga entre Amazon e Hachette, a Authors United – grupo que reúne quase um milheiro de escritores que se posicionaram contrário às atitudes da Amazon de restringir a comercialização de livros publicados pela Hachette – vai disparar cartas endereçadas aos membros do board da Amazon. O conteúdo da correspondência foi publicado hoje no site da associação e pode ser lido na íntegra clicando aqui. “A Amazon está minando a capacidade de autores de sustentar suas famílias, pagar suas hipotecas e proporcionar educação superior a seus filhos”, diz a carta. Os autores alertam que a medida de restringir o acesso de seus clientes a determinados livros pode arranhar a reputação da varejista on line. “Os esforços para impedir ou bloquear a venda de livros têm uma história longa e feia. Será que você, pessoalmente, quer ser associado a isso? Nós sentimos que tais ações não têm lugar em uma disputa comercial comum. A Amazon tem outras ferramentas de negociação, não precisa causar danos aos próprios autores que ajudaram a empresa a se tornar uma das maiores varejistas do mundo”, diz o documento.

“A Amazon tem todo o direito de se recusar a vender bens de consumo por divergências comerciais. (...) Mas livros não são bens de consumo comuns. Livros não podem ser escritos mais baratos, nem autores podem ser terceirizados na China. (...) Cada livro é uma criação única, peculiar, resultado de uma luta solitária, intensa e muitas vezes cara por parte de um único indivíduo, uma pessoa cuja vida depende de que seu livro encontre seus leitores. Este é o processo que a Amazon está obstruindo”, completa a carta que será entregue nos próximos dias aos dez membros do board da Amazon.

A carta termina com um apelo: “Estamos certos que você, como um membro do conselho da Amazon, tem apreço especial pelos livros e pela liberdade de expressão, tanto quanto nós. Desde a sua fundação, a Amazon tem sido uma marca bem conceituada e pautada pelo progresso. Mas se a Amazon continuar a tratar assim a comunidade literária, por quanto tempo mais vai durar a boa reputação da empresa? Nós apelamos a você, com esperança e boa vontade, para que exerça a sua governança e coloque um ponto final nas sanções aos livros, que são fundamentais à cultura e à democracia”.