A Sociedade dos Ilustradores do Brasil (SIB) publicou carta aberta questionando os critérios de seleção dos principais prêmios literários brasileiros: Jabuti e os da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e Academia Brasileira de Letras (ABL). Em resumo, a SIB defende a equação óbvia: livros ilustrado é igual a texto mais ilustração. “Muito embora haja consenso em torno do mérito, na prática, detectamos a necessidade de ajustes finos nos contratos que assinamos com as editoras e nos critérios de análise crítica destinados ao objeto livro ilustrado. A maioria concorda que uma obra literária contemporânea, quando ilustrada com generosidade, é fruto do enlace autoral entre duas expressões: a palavra e a imagem”, diz a carta.

A lista de reinvindicações é grande. Com relação ao Jabuti, a SIB quer, por exemplo, que na categoria Melhor Capa todos os envolvidos na produção sejam citados. Na categoria Melhor Livro Infantil o buraco apontado pela SIB é mais para baixo: “O livro ilustrado remete à sinergia da canção popular. O texto está para a letra, assim como a ilustração está para a música. Nos melhores momentos, uma dimensão é indissociável da outra. (...) Ambas [abordagens narrativas] precisam ser reconhecidas nos livros mencionados. Fosse para julgar apenas o conteúdo de texto, o regulamento deveria solicitar aos concorrentes que submetessem ao júri tão somente o conteúdo de texto original”, diz a carta. Para solucionar os problemas, a SIB sugere a criação de categorias específicas de ilustração, como Melhor Ilustração, Melhor Ilustração de Livro Infantil e Melhor Ilustração de Livro Juvenil.

Já com relação ao Prêmio da FBN, a Sociedade diz estranhar a ausência de pelo menos uma categoria relacionada à ilustração. “Premia-se o projeto gráfico, por um lado. Mas a produção autoral de ilustração, que nos parece também significativa do ponto de vista da contribuição literária, não é contemplada”, diz a carta. Por fim, nos prêmios concedidos pela ABL, a SIB aponta que, embora haja categorias que contemplem os diferentes gêneros literários, inclusive os de literatura infantojuvenil, o prêmio ignora a coautoria narrativa dos ilustradores.

Marisa Lajolo, curadora do Prêmio Jabuti enviou resposta à SBI (que pode ser lida clicando aqui ). Em seu texto, Lajolo diz que as considerações apresentadas na carta aberta são “extremamente oportunas e – quando pertinentes- estão sendo tomadas em consideração pela CBL nas discussões ora em curso sobre o Prêmio Jabuti”.