Quando a Planeta teve que retirar o livro Roberto Carlos em destaque, de Paulo Cesar Araújo, das livrarias em 2007, o argumento usado pela diretoria da casa na época para não recorrer ou simplesmente ignorar a decisão judicial foi que as indenizações e prejuízos decorrentes da ação seriam impeditivos para que a editora continuasse suas operações no Brasil. Internamente, o assunto tornou-se um tabu a tal ponto que, no ano passado, quando pipocaram as polêmicas envolvendo o livro, o autor e o biografado, a editora achou por bem recuar ainda mais e não se manifestar publicamente sobre a celeuma. Agora, a Companhia das Letras, corajosamente acaba de colocar nas livrarias o livro O réu e o rei (528 pp, R$ 45), do mesmo Paulo Cesar Araújo. O projeto, iniciado em 2009 segundo informou O Globo, manteve-se em sigilo até o lançamento.
O novo livro conta os bastidores da polêmica e de como o autor tornou-se réu em uma das mais comentadas e controversas guerras judiciais travadas recentemente no Brasil. Traz ainda, claro, resultados da pesquisa que Araújo levantou durante 16 anos sobre a vida do seu ídolo e ícone da Jovem Guarda. É, de acordo com a editora, um livro sobre um “biógrafo que tenta encontrar sentido nos anos dedicados a estudar a trajetória de seu ídolo na música brasileira, uma história sem ponto final que deve ser lida por todos os que se interessam pela discussão em torno da liberdade de expressão”.
O livro chega às livrarias sem grandes alardes. A estratégia foi distribuir antes mesmo da divulgação, contrariando o que se faz normalmente, evitando cutucar a onça com a vara curta. Em entrevista ao PubhlishNews, Luiz Schwarcz, diretor geral da Companhia das Letras disse que foram tomados alguns cuidados para que o livro não tenha o mesmo fim da biografia. “O livro passou por uma revisão detalhada de nossos advogados e a conclusão é que ele não está invadindo nada, não está desrespeitando ninguém”, contou. Schwarcz disse ainda que acredita que O réu e o rei não terá o mesmo fim do primeiro livro de Paulo Cesar sobre o cantor. “Estamos agindo dentro da lei, não temos nenhum temor e temos confiança de que fizemos a coisa certa. Estamos seguindo as nossas convicções”, argumentou. Paulo Cesar Araújo tem dito que o contrato do primeiro livro com a Planeta já expirou e agora ele é detentor dos direitos da obra e que, caso a lei que tramita no Congresso Nacional seja aprovada, abriria uma chance para reedição ou republicação de Roberto Carlos em detalhes. “Naturalmente teríamos interesse em publicar a obra. Qualquer editor teria interesse em publicar esse livro, mas temos que esperar a tramitação da nova lei, sem isso não há o que fazer”, disse Schwarcz que garantiu que não conversou com o autor sobre essa possibilidade.
Matéria publicada no Estadão traz o posicionamento da equipe de advogados de Roberto Carlos. De acordo com o jornal, Marco Antonio Campos, advogado do cantor, disse que já estão sabendo da existência do livro e agora vão ler, examinar e só depois farão um pronunciamento. “Não vamos nos manifestar antes disso”, disse ao jornal.
