Duplamente vítima de governos ditatoriais, Imre Kertész, por conta de sua origem judaica, foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz quando tinha apenas 14 anos de idade – e da lá para o de Buchenwald, de onde foi libertado pelas tropas soviéticas. Mas isso não significou a liberdade de fato, pois a Hungria passou a ser governada por uma ditadura de esquerda. Em História policial (Tordesilhas, 120 pp., R$ 27,50 Trad. Gabor Aranyl), mais uma vez o autor expõe ao leitor a barbárie do totalitarismo. Ex-torturador preso pelos crimes cometidos quando atuava nas forças de repressão, o narrador do livro, Antonio R. Martínez, escreve suas memórias e, desta forma, escancara a lógica interna do sistema.