As livrarias independentes nos Estados Unidos estão crescendo e muitas contam, pelo menos informalmente, que 2013 foi o melhor ano delas até agora. Várias tiveram ganhos de 15% ou mais sobre dezembro do ano anterior, de acordo com conversas informais no Winter Institute deste ano - a convenção anual de livrarias independentes organizada pela American Booksellers Association (ABA) realizada em Seattle na semana passada.
A quinta reunião do Winter Institute foi a maior de todas, juntando umas 500 livrarias de todas as partes dos Estados Unidos. Também foi o primeiro ano no qual a comunidade internacional foi convidada, com várias livrarias e representantes de associações vindos do Canadá, Austrália, Guatemala, Nova Zelândia, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Alemanha e França para tentar entender o sucesso das independentes dos EUA.
Qual é a atração? A resposta mais simples agora é que o mundo da venda de livros é plano. É só dar uma olhada nos comentários feitos pela CEO da Simon & Schuster, Carolyn Reidy, na Digital Book World, atribuindo muito do crescimento de sua empresa ao aumento nas vendas dos livros em inglês no exterior.
Marianna Moller da livraria Kristian F. Moller em Aarhus, Dinamarca, reconheceu que livros em inglês são realmente populares na Dinamarca. "Sempre foi assim. Mas o problema é que as pessoas estão comprando pela internet do Reino Unido. Nós fazemos estoque, mas quando eles compram os nossos, temos que colocar 25% de impostos, por isso os clientes compram online e eles são enviados pelo correio, dessa forma não precisam pagar o imposto. Temos um mercado aberto e não há preços fixos, então é sempre o preço que o cliente leva em consideração."
A newsletter da indústria livreira Shelf Awareness também trata do mercado externo e está se expandindo em outros países com seu programa de marketing personalizado para as livrarias. Entre seus primeiros clientes estão a American Book Center, em Amsterdã; Antoine Online, no Líbano e Kinokuniya, em Singapura.
O programa de marketing de livros IndieBound [http://www.indiebound.org/] da ABA influenciou vários programas de marketing por toda a Europa e mundo, dando à ABA maior exposição no mercado internacional; Oren Teicher, CEO da American Booksellers Association (ABA), atualmente é o vice-presidente de assuntos internacionais na European and International Booksellers Federation [EIBF].
Entre os que Teicher convenceu a participar do Winter Institute estava Philippe Hunziker da livraria Sophos, na Cidade de Guatemala, depois que se conheceram na FIL de Guadalajara. "Estou aqui para aprender dos norte-americanos que conseguiram manter a indústria crescendo. Estou convencido de que há muitas coisas que poderei aprender com eles. Uma das coisas que estou tentando fazer aqui é ver como a ABA funciona assim poderei ajudar a formar uma na Guatemala. Precisamos de associações na América Latina. Também vou tentar convencer outras livrarias na Guatemala e na região a se unirem à EIBF."
Sophie Saint-Marc da francesa Alire, onde é responsável pela informática das livrarias independentes francesas, veio investigar novas soluções técnicas. Ela notou que o sistema francês já consegue trabalhar com impressos, print-on-demand e e-books, apesar de que a demanda ser quase exclusivamente de livros impressos. Ela ficou especialmente impressionada com a capacidade dos norte-americanos para trabalhar com a comunidade em apoio às livrarias locais. "Não temos nada assim na França. Não temos clubes de livros, por exemplo. Esta é uma excelente ideia: um grupo grande de pessoas lendo juntas como uma comunidade. Realmente deveríamos fazer isso."
O que é importante notar é que várias livrarias norte-americanas veem sua comunidade em termos mais amplos do que apenas seus clientes imediatos.
Em um almoço dirigido à comunidade independente com a participação de vários antigos presidentes da ABA, Mitchell Kaplan, dono da Books & Books, rede de livrarias em Miami, disse que vê sua livraria como uma porta de entrada para a América Latina e o Caribe.
"Nosso compromisso é servir a comunidade local, e muitos falam espanhol", disse Kaplan. "É uma grande comunidade que é extremamente diversificada com pessoas de toda a região; vendemos muitos livros em espanhol e apresentamos autores que escrevem nesse idioma, sem nenhum componente em inglês. Nós apoiamos a comunidade de uma forma que ela possa se sentir parte da livraria."
Quanto à parte de porta de entrada, a Books & Books tem há vários anos uma franquia nas Ilhas Caimã. "Enviamos os livros em um container", contou Kaplan. "É realmente incrível".
** Texto originalmente publicado no Publishing Perspectives
Tradução: Marcelo Barbão