Acusações sobre as condições dos trabalhadores na gigante do varejo Amazon não são de hoje – algumas publicações inclusive, como o blog da Melville House, dedicam bastante espaço a denúncias da situação dos trabalhadores da empresa. Ontem, porém, o programa Panorama, da BBC, levou a discussão a outro nível. Um repórter disfarçado registrou a rotina de trabalho em um dos armazéns da empresa, no Reino Unido, e contabilizou no total um turno noturno de 10 horas e meia, mais de 17 km caminhados e um pedido a ser coletado a cada 33 segundos.

A BBC entrevistou um especialista em estresse no trabalho, que afirmou que as condições “aumentam o risco de doenças físicas e mentais”. Em resposta, a lacônica Amazon disse apenas que não fez nada de errado e que a segurança dos trabalhadores é sua prioridade número um (não eram os consumidores?).

Como era de se esperar, os pequenos livreiros e editores não demoraram a apontar o dedo e se animar com a notícia. De acordo com uma matéria do Bookseller, as livrarias e editoras independentes esperam agora que os consumidores reajam às denúncias do programa de ontem. Peter Donaldson, da livraria Red Lion Bookshop, por exemplo, tem essa expectativa baseado na reação das pessoas à polêmica dos impostos sobre e-books, em 2012, publicada pelo jornal Guardian. Outros, porém, mais céticos, acham que não haverá mudança no comportamento do consumidor. Em época de compras de Natal, vence quem tem o menor preço ou quem trata melhor seus trabalhadores?