Uma Jornada jovem, com desafios pela frente
PublishNews, Iona Teixeira Stevens, 02/09/2013
Terminou no último sábado a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo

Começou com o prêmio Zaffari & Bourbon para Ana Maria Machado e terminou com o show do Emicida – também começou próximo de zero graus e terminou bem acima dos vinte. A variedade marcou a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, que fechou o mês de agosto e terminou no último sábado, 31/08. A expectativa de público geral esse ano foi de 48 mil, sendo que só na Jornadinha, evento paralelo dedicado ao público infantil, foram 18 mil participantes inscritos. Ao todo, foram 101 escritores e convidados de onze países, sendo que 4 são latinoamericanos (Argentina, Equador, Chile, Colômbia), além de México, Portugal, Espanha, Polônia, Estados Unidos e Itália.

“O grande acerto esse ano foi focar nos jovens”, assim abriu Tânia Rösing, coordenadora das Jornadas, a coletiva de encerramento da 15ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. De fato, o tema “Leituras Jovens do Mundo” foi trabalhado em diversas frentes durante o evento: desde a sexóloga Laura Muller falando abertamente para uma plateia tipicamente pré-adolescente (ou seja, um pouco acanhada com os termos, mas sem conseguir disfarçar o interesse), a presença dos autores de best-sellers infantis como Patrícia Barboza, estrelas da literatura de fantasia como André Vianco, Eduardo Spohr e Raphael Draccon, à juventude da periferia, representada na mesa do rapper Emicida, Alejandro Reyes e Sérgio Vaz.

Mas o público jovem que participou desta edição intrigou os organizadores. As perguntas não foram tão inúmeras quanto de costume, a plateia chegou a levar puxão de orelha do coordenador das mesas Ignácio de Loyola Brandão, que pediu silêncio, e na Jornadinha apareceram pela primeira vez os celulares. Mas tudo é material para aprendizado. “Temos o que aprender com o comportamento do público, barulhento ou silencioso, a postura nos diferentes espaços”, explicou Rösing. “Esses parâmetros vão guiar as indicações de leitura (por parte dos professores)”, completou.

Desafios

Rösing admitiu que esta Jornada foi uma das edições mais difíceis de se realizar. “Tivemos concorrências complicadas”, contou, se referindo à coincidência de datas com a Bienal do Rio e à Copa das Confederações. A primeira gerou uma concorrência de convidados, já a segunda dificultou o arrecadamento de financiamento para a Jornada. Na coletiva de encerramento, Loyola Brandão aproveitou para alfinetar: “O governo levantou R$ 27 milhões para um jovem estilista ir mostrar seu desfile em Paris; para a Jornada, nada. Foi uma Jor‘nada’”. Rösing voltou a falar sobre o plano de construir um espaço definitivo, não apenas voltado para o evento bienal. O projeto é ambicioso, há cerca de 6 anos a proposta era de R$ 15 milhões, mas agora deve ser repensado e atualizado. “Ou pensamos grande ou não pensamos”, afirma Rösing. Em todo caso, com certeza de compensa a montagem e desmontagem da enorme estrutura a cada dois anos, e viabiliza a criação de mais eventos no local.

Vendas

Apenas três livrarias, a Paulinas, a gaúcha Maneco e a passo-fundense Delta Papelaria e Livraria, montaram estande na Jornada. A logística dificulta a participação. Questionada sobre a possibilidade de aumentar o espaço para as livrarias na próxima edição, Rösing explica: “Embora não seja nosso foco, a venda de livros acontece. Mas os livreiros e as editoras precisam querer vender também”.

De acordo com a lista de mais vendidos da livraria Maneco – que também possui uma editora homônima – , entre os mais vendidos apenas os nomes Dan Brown e John Green coincidem com as listas de mais vendidos, e longe do pódio. Em Passo Fundo, o sucesso de vendas não é nenhum romance erótico ou livro de padre. A estrela ali é o cantor Humberto Gessinger, que participou da abertura com uma música que compôs especialmente para a Jornada, e autografou seus livros durante a semana. Os outros são de autores que participaram do evento, ou que foram debatidos nas mesas:

1º- Seis segundos de atenção (Belas Letras), de Humberto Gessinger

2º – Infâmia (Alfaguara), de Ana Maria Machado

3º – Evocação (Ática), de Marcia Kupstas

4º – A bela velhice (Record), de Mirian Goldenberg

5º – Seminário Integrado (Ed. Maneco)

6º – Altos papos sobre sexo (Globo Estilo), de Laura Muller

7º – As Mais (Verus), de Patrícia Barboza

8º – Inferno, de Dan Brown

9º – Bento Bandini: Seja Você Mesmo, (Ed. Maneco), de Flávio Luis Ferrarini

10º – Marilu (Moderna), de Eva Furnari

11º - A culpa é das estrelas (Intrínseca) – John Green

12º – A Graça da coisa (L&PM), de Martha Medeiros

[02/09/2013 00:00:00]