Um picadeiro de circo, num descampado de um campus universitário, no interior do Rio Grande do Sul, com temperaturas entre zero e 10 graus, não parece o cenário mais aconchegante para se discutir leitura e literatura. Mas é exatamente o oposto. A Jornada Nacional de Passo Fundo, que reúne sob um mesmo domo participantes de toda a região Sul, sobretudo crianças e adolescentes (serão 18 mil este ano), já estreou ontem (27/08) com boas notícias: o prefeito da cidade gaúcha Luciano Azevedo anunciou que Passo Fundo ganhará 35 bibliotecas públicas. 30 serão recuperadas nas escolas e 5 serão construídas.
A escritora Ana Maria Machado também comemora: ela ganhou ontem o Prêmio Zaffari & Bourbon (R$ 150 mil). O título Infâmia (Alfaguara), que foi alvo da “polêmica do jurado C” do Prêmio Jabuti em 2012, foi considerado o melhor romance dos últimos dois anos.
A abertura foi também marcada por críticas: Tania Rösing, coordenadora das Jornadas, que foi amplamente elogiada pelas autoridades presentes, como o representante do Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL) José Castilho Marques Neto, não escondeu a dificuldade que foi conseguir apoio e financiamento do governo para um evento literário que acontece há 32 anos: “Nunca foi tão difícil competir com a Copa das Confederações. Nunca foi tão difícil cotejar a Cultura e Futebol. Mas vencemos!” vibrou Rösing.
A novidade esse ano é o Encontro Internacional de Bibliotecários e Mediadores de Leitura, que começa hoje (28/08) e recebe representantes colombianos para falar sobre o caso de Medellín, a cidade colombiana que conseguiu diminuir drasticamente o número de homicídios com a construção de bibliotecas. São dois casos de ampla transformação através da leitura – Passo Fundo não é violenta, mas ganhou o título de Capital Nacional da Literatura graças aos efeito do evento na cidade. De todo modo, com 35 novas bibliotecas públicas, o Encontro inédito na Jornada veio em boa hora.