A Companhia Editora de Pernambuco, Cepe, lançou no final de janeiro o livro Ficcionais – Escritores revelam o ato de forjar, uma coletânea de textos de autores brasileiros sobre o processo da escrita de seus livros. No dia do lançamento, uma matéria no jornal Estado de S. Paulo notou que “a ausência mais sentida no livro é de um texto de Moacyr Scliar publicado às vésperas de sua morte. ‘A família dele fez várias exigências para liberar o texto, entre elas que o livro só tivesse uma edição. Aí a gente deixou de fora, mas o texto é lindo.’ [Schneider Carpeggiani, editor do livro]”. A declaração pegou a família e a agente de Scliar de surpresa. Segundo Lúcia Riff, agente da obra do escritor, a editora tinha o ‘ok’ para usar o texto ‘Eu vos abraço milhões’, publicada originalmente no suplemento literário Pernambuco. “Demos uma autorização para uma tiragem de 1.000 cópias – tiragem programada da obra – afinal não é usual passar autorização sem limite uso”, conta a agente. “Se precisavam de mais cópias, era só pedir”, completa a agente.
Segundo a agente, as negociações foram em março de 2012, e as exigências se limitavam à publicação dos créditos no texto, o envio de cinco cópias para a agência literária e a não exclusividade do acordo. “Não são exigências absurdas”, comentou Lúcia Riff. Bernardo Schneider, editor e organizador do Ficcionais, reiterou que as exigências feitas pela família impossibilitavam a publicação do livro: “Todos os autores haviam recebido pagamento pelos textos publicados no Pernambuco, mas a família cobrou um valor e pediu uma cota mínima para ser publicado”. Lúcia Riff nega a cobrança de pagamento.