A editora espanhola Gustavo Gili chegou ao Brasil este ano e está aos poucos se abrasileirando. A GG, como é conhecida, já conta com a ajuda de vários colaboradores brasileiros e no mês passado a diretora Mónica Gili Galfetti visitou o país em busca de uma equipe editorial nacional. “A experiência da editora brasileira é muito recente, começamos este ano, mas a relação da GG com o Brasil é muito antiga” contou Mónica. De fato, a Gustavo Gili abriu uma livraria no centro de São Paulo na década de sessenta e já tem livros que são clássicos por aqui: “O Arte de projetar em arquitetura, do Neufert, é um clássico da arquitetura. O livro foi produzido no Brasil e lançado em 1957 e ainda vendemos, é uma referência, o único que tinha no Brasil na época e portanto utilizado em todas as faculdades de arquitetura”, disse Mónica.

No Brasil, o plano é alcançar cerca de cem títulos em três ou quatro anos e ir incorporando pouco a pouco autores brasileiros – em 2013 a GG lançará dois títulos de autores brasileiros. “Cremos que aqui há um nicho para nosso catálogo” declarou Mónica Galfetti, que faz parte da quarta geração da família na editora centenária. “Trabalhamos a parte editorial no Brasil, os colaboradores são todos brasileiros. Estamos tentando estabelecer uma equipe editorial aqui”, completou Mónica. A produção gráfica, cuja qualidade é o ponto forte da editora, também é feita no Brasil: “Sempre que possível os livros são produzidos aqui, a produção gráfica brasileira tem um nível estupendo” disse a diretora.

A editora é principalmente conhecida no Brasil pelo seu catálogo de arquitetura, e está lançando agora a série “Casas”, de projetos de casas de personalidades brasileiras, como Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek. A GG está investindo também em títulos de moda, 100% acadêmicos, que deve se beneficiar muito do boom de escolas e faculdades de moda que apareceram no Brasil nos últimos anos “Não tivemos a mesma aderência no Brasil que na Espanha quando introduzimos a área de moda. Aqui temos agora mais títulos de moda para tentar equalizar o catálogo com os títulos de arquitetura” falou Pedro Queiroz, diretor da Gustavo Gili no Brasil.

Em relação ao projeto digital, Mónica e Pedro Queiroz estão indo aos poucos “Estamos começando na Espanha, Brasil é segundo passo; o mundo digital está lá, mas tem que ‘chegar’ ainda” afirmou Mónica. Segundo os diretores, a Espanha está atrás do Brasil em relação ao mundo digital e, como o livro enquanto produto físico e projeto gráfico é um dos principais focos da editora, a passagem para o digital não é ainda muito óbvia.