“O Brasil é um mercado de alta qualidade, tanto em termos de editoras quanto de leitores”, diz o CEO da Penguin, John Makinson. “Na maioria dos setores, é comparável aos Estados Unidos ou à Grã-Bretanha, ou a qualquer outro mercado desenvolvido.” E Makinson sabe do que está falando, tendo levado a Penguin a adquirir 45% da Companhia das Letras, uma renomada editora com sede em São Paulo, em dezembro do ano passado. Foi a primeira vez que uma editora comercial britânica fez um investimento significativo em uma editora brasileira.
O investimento veio quase dois anos depois de uma parceria inicial para lançar a Penguin Companhia, um selo brasileiro que publica títulos clássicos das duas casas. “Ainda é um relacionamento relativamente jovem, mas está mostrando ser bem promissor”, diz Makinson. “Estamos vendendo mais direitos a eles do que se não tivéssemos a parceria, e estamos trazendo seus livros para o mercado de língua inglesa. No geral, está indo muito bem.”
Makinson nota que parte do apelo para adquirir a Companhia foi o histórico da Penguin com livros comerciais; desde a compra, a Companhia lançou um novo selo, a Editora Paralela, que publica uma das escritoras mais bem-sucedidas da Penguin, Patricia Cornwell, entre outros best-sellers. Outro resultado foi a aceleração do programa de digitalização da Companhia, já que a editora agora pode usar o conhecimento global da Penguin.
A aquisição da Penguin aconteceu pouco mais de um ano depois que a Pearson, sua controladora, gastou 326 milhões de libras para comprar o Sistema Educacional Brasileiro, a SEB, um movimento que imediatamente transformou a Pearson em um dos principais grupos educativos no país. As relações internas resultantes devem ajudar a Companhia a aumentar as vendas para os programas de adoção de livros em escolas do governo, assim como uma melhor distribuição em todo o vasto país.
Apesar dos rumores, Makinson afirma que o investimento da Penguin na Companhia não é o centro de uma estratégia latino-americana. “Não temos uma estratégia latino-americana, e não vamos ter uma no futuro próximo. Nem pensamos em publicar livros em Portugal. Vemos o Brasil como um mercado importante por si só.”
Ele também nota que comparar o mercado editorial do Brasil com o da China e da Índia, onde a Penguin também já estabeleceu operações, não é correto. “A China e a Índia parecem mercados de livros emergentes”, ele nota. “O Brasil, não. Apesar de ainda não estar muito desenvolvido na parte digital, é provável que isso mude, e quando acontecer, vai ser rápido – em meses, não anos.”
Makinson diz também que, pessoalmente, se sente confortável trabalhando no Brasil. “Sinto que entendo como os brasileiros fazem negócios”, ele diz. “Sinto-me culturalmente alinhado ali – o que nem sempre é o caso com alguns dos lugares onde viajo a negócio.” Ele também diz que provavelmente passará mais tempo ali nos próximos anos, especialmente em 2014. “É bom saber que durante a Copa do Mundo, vou ter uma desculpa para viajar”, ele fala. “Apesar”, acrescenta, pragmaticamente, “que não apostaria na Inglaterra vencendo o Brasil em casa.”
Tradução: Marcelo Barbão