Foi dada a largada. Cinquenta tons de cinza, da Intrínseca, chegou desbancando concorrentes na lista de mais vendidos essa semana, e a Companhia das Letras se prepara para entrar na briga.

O fenômeno do mercado editorial, que já foi apontado como motivo de queda de lucros de editoras concorrentes, ultrapassou ontem a venda dos livros do Harry Potter na Amazon.co.uk, tornando E.L. James a autora mais vendida no site.

Pelo visto, a mãe de família escritora de fanfiction descobriu (ou criou?) um público novo, com uma versão moderna do Marquês de Sade (e contou com a ajuda do Kindle, a versão digital do método “cortar a capa do Justine e colar a da Bíblia”), e abriu as portas para outros best-sellers do gênero.

O mais recente sucesso de literatura erótica, Toda Sua, também faz parte de uma trilogia, a Crossfire. O best-seller do NY Times conta a história de uma jovem publicitária que se rende a um jovem bilionário “lindo, forte, rico, bem-sucedido, poderoso e que sempre consegue o que quer” e que é dono de um enorme p..rédio (afinal, em time que está ganhando não se mexe). Já foi publicado pela Penguin e sairá no Brasil pela Editora Paralela, selo da Companhia das Letras (já disponível em pré-venda nos sites das livrarias, em versão impressa (R$ 29,90) e em e-book (R$ 19,90) para os ainda envergonhados). A editora Ligia Azevedo, da Cia. das Letras, comenta sobre o fenômeno do gênero “Foi algo que aconteceu com todas as editoras, a gente recebeu milhares de livros mais ou menos nesse estilo, e escolhemos Toda Sua. Demos bastante sorte porque depois que havíamos comprado ele se tornou um best-seller.”

A capa também segue o tom dos livros de E.L. James, com um styletto no lugar de uma gravata - foi mantida a capa da edição americana, a pedido da autora. “É uma tendência, as pessoas falam como se não existissem livros eróticos para mulheres antes, não só existiam como sempre venderam bem. Todos os livros eróticos que já haviam sido lançados estão sendo relançados repaginados com essa cara”, explica Ligia. O perfil da autora Sylvia Day é, porém, bem diferente do de E.L. James: ela possui vasta experiência em literatura erótica – é, inclusive, a co-fundadora da Passionate Ink, uma organização de escritores de literatura erótica.

Apesar do livro prometer ser mais picante, mais interessante e com personagens mais elaborados que os de Cinquenta tons de cinza, as mulheres do Publishnews não estão convencidas. Teremos que colocar o livro à prova. Ossos do ofício.