Dez maiores grupos editoriais perdem receita
PublishNews, Redação, 25/06/2012
Países emergentes, por outro lado, representam território de crescimento

Na lista dos maiores grupos editoriais do mundo, os dez primeiros mantêm uma concentração incontestável no mercado mundial de publicações. Mas isso não quer dizer que os negócios em 2011 foram fáceis. Juntos, esses dez líderes viram suas receitas cair quase 7,4%, ou 2,3 bilhões de euros, em um ano: de 30,977 bilhões de euros em 2010 para 28,689 bilhões de euros em 2011. Já os chamados mercados emergentes foram território de crescimento, e empresas com atividades nesses locais registraram alta nos negócios – com destaque, entre outras, para as brasileiras Abril Educação, Saraiva e FTD, que já estavam entre as maiores do mundo em 2010 e, no ano passado, melhoraram suas posições.

Os resultados fazem parte do Ranking Global do Mercado Editorial, que aponta todos os anos quais são as maiores empresas editoriais no mundo todo, entre aquelas que faturam mais de 150 milhões de euros (ou US$ 200 milhões). Em 2011, a compilação incluiu 54 companhias de 16 países, que juntas faturaram 53,811 bilhões de euros. Essa receita total caiu cerca de 4% em relação a 2010, quando o ranking abrangeu 58 empresas que geraram R$ 56,062 bilhões de euros. Para conferir a lista completa de editoras, clique aqui.

O levantamento é realizado anualmente pela consultoria Rüdiger Wischenbart Content and Consulting, a pedido da Livres Hebdo, revista francesa especializada no mercado editorial, e é publicado em conjunto pela Buchreport, na Alemanha, The Bookseller, no Reino Unido, Publishers Weekly, nos Estados Unidos, e PublishNews, no Brasil. As informações das empresas são coletadas a partir de relatórios, documentos e consultas, e incluem os números referentes a vários tipos de publicação (livros, material digital e informação profissional, com exceção de jornais, revistas, serviços de notícias ou publicações corporativas). Receitas provenientes de atividades de varejo também não são incluídas no estudo.

De 2010 para 2011, nove grupos editoriais mantiveram-se entre os dez maiores do mundo, e parte conseguiu manter seu lugar na lista. A Pearson permaneceu no topo do ranking, com faturamento de 6,470 bilhões de euros no ano passado, contra 6,102 bilhões de euros em 2010.

Reed Elsevier, Thomson Reuters e Wolters Kluwer também mantiveram suas posições em segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente. Neste ano, a Hachette Livre e o Grupo Planeta ganharam posições ficando em quinto e sexto, respectivamente. Já a McGraw-Hill assegurou seu sétimo lugar, seguida da Random House – que perdeu espaço especialmente após eliminar sua divisão Direct Group –; Holtzbrinck, que ocupou o lugar que em 2010 pertencia à Cengage; e Scholastic, que permaneceu na décima posição.

Curioso ressaltar que, do 2º ao 8º lugares do ranking, todas as empresas tiveram faturamento menor em 2011, e somente Pearson, Holtzbrinck e Scholastic conseguiram crescer. Esse fato se reflete na queda do faturamento consolidado das dez companhias: 28,689 bilhões de euros em 2011, quase 7,4% menos que os 30,977 bilhões de euros no ano anterior.

O grupo concentra mais da metade da receita – ou exatamente 54% - de todas as 54 companhias incluídas no Ranking Global. Quando o levantamento começou a ser publicado, em 2007, elas concentravam 58% de participação.


Ranking Global do Mercado Editorial



Posição (2011)


Posição (2010)


Empresa


País


Faturamento 2011
(€ milhões)


Faturamento 2010
(€ milhões)


±


1


1


Pearson


Reino Unido


6470,24


6102,09


±


2


2


Reed Elsevier


R.U. / Holanda / EUA


4395,24


5387,47


±


3


3


ThomsonReuters


EUA


4180,77


4247,93


±


4


4


Wolters Kluwer


NL


3354,00


3556,00


^


5


6


Hachette Livre


França


2038,00


2165,00


^


6


8


Grupo Planeta


Espanha


1772,00


1829,00


±


7


7


McGraw-Hill Education


EUA


1763,08


1835,46


?


8


5


Random House


Alemanha


1749,00


2897,00


^


9


11


Holtzbrinck


Alemanha


1501,20


1412,80*


±


10


10


Scholastic


EUA


1466,15


1442,84


*Valores referentes ao ano anterior, pois eram os únicos disponíveis.

Mercados emergentes

Desde 2011, o Ranking Global dedica um esforço especial para levantar dados de empresas no Brasil, China, Coreia e Rússia, como forma de ampliar o escopo do levantamento e observar o desenvolvimento desses mercados. O relatório deste ano aponta que esses países, junto com Índia, Indonésia e África do Sul, são territórios de crescimento e vêm atraindo grupos europeus e americanos.

Foram várias as iniciativas de empresas editoriais multinacionais para criar subsidiárias ou desenvolver parcerias nos mercados emergentes. A Thomson Reuters criou uma unidade de negócios para desenvolver operações na América Latina, China, Índia, Oriente Médio, África e Rússia. A Wolters Kluwer, por sua vez, adquiriu uma empresa na Índia e criou uma joint-venture na China, bem como a McGraw-Hill. A Hachette adquiriu 25% do grupo russo Atticus, enquanto a Wiley mira Oriente Médio, China e Brasil. Já a Simon & Schuster abriu uma filial na Índia, e a Pearson investe fortemente em sua expansão global, inclusive no Brasil.

O estudo ressalta o surgimento de novas empresas de peso abaixo do grupo das dez maiores companhias – e mesmo a ascensão da Planeta, que está entre os primeiros colocados, não deixa de ser uma novidade, com seu forte crescimento na América Latina e na França. No Brasil, o destaque fica com os grupos Abril Educação, Saraiva e FTD. Na China, uma fusão de várias editoras patrocinada pelo governo deu origem a um novo ator global batizado de China Education and Media Group, enquanto na Rússia ganha força o EKSMO, que comprou há algumas semanas a AST, sua maior concorrente. Na Coreia, as editoras aprenderam não apenas a operar escolas inteiras, mas também contrataram cerca de 30 mil professores para dar reforço e tutoria a alunos com base em seus materiais de ensino, e agora planejam digitalizar todos os seus livros didáticos até 2015. A Índia, por sua vez, embora não possua nenhuma editora no Ranking Global, já que boa parte das publicações são produzidas por empresas de fora, especialmente do Reino Unido, investe fortemente nos tablets de baixo custo e tem a uma empresa local fazendo frente à Amazon, chamada Flipkart.

Amanhã você lê no PublishNews detalhes apresentados no Ranking Global sobre o segmento de Educação, e as tendências apontadas pelo estudo em relação aos processos de globalização e digitalização da indústria editorial.

[25/06/2012 00:00:00]