Impressionam o formato, a qualidade do papel e o design gráfico. E nem estamos falando ainda do maior desafio: traduzir do mandarim para o inglês uma série de textos literários. A tradução é uma preocupação constante nesse intercâmbio entre China e Reino Unido, mote da edição deste ano da London Book Fair. Mas, com bastante cuidado e bons profissionais, o resultado dessa união chega não só para os livros, mas também para as revistas. A Pathlight e a Chutzpah! são dois ótimos exemplos.
A Pathlight é a melhor prova disso. Lançada em novembro de 2011, teve seu segundo número apresentado na feira londrina e virou objeto de desejo obrigatório nas mãos dos jovens escritores e designers presentes no seminário “The art of publishing literary magazines”. Produzida pela Paper Republica (do tradutor Eric Abrahamsen) e pela People’s Literature Magazine (do renomado crítico literário Li Jingze), está em fase de teste, é impressa com gosto e também já pode ser baixada de graça.
Eric e Li participaram da apresentação ao lado do escritor A Lai, o responsável por ter transformando a Science Fiction World na maior revista de ficção científica do mundo, e de Ou Ning, editor da Chutzpah!. Em uma bate-papo de uma hora, com tradução simultânea, eles contaram um pouco sobre a produção da nova revista e de como ela está sendo recebida. Tudo sob o comando do editor da Granta, John Freeman.
"É especial porque ali é tudo muito bem pensado e configurado para mostrar quem são os nomes da literatura chinesa. E a tradução, que na verdade chega a ser um trabalho de edição, é de fato o mais complicado. Mudamos a frase mil vezes até ser bastante fiel ao original. E você pode imaginar que, por ser um mercado recente, não exista ainda um número bom de tradutores literários que praticam chinês e inglês. Eu mesmo devo conhecer 30 no máximo, no mundo", disse Eric.
A Pathlight vem com base na People’s Literature Magazine, a primeira publicação literária chinesa, criada em 1949 e que teve como editor o escritor Mao Dun, que hoje dá nome ao maior prêmio chinês de literatura. Ela segue na luta de estar dentro do parâmetro de publicação chinês, em que todos os manuscritos são passados pelo crivo da Foreign Languages Press, associação que trabalha em conjunto com o governo chinês. Ficção, não ficção, romance e poesia são gêneros bastante explorados nas edições.
Sobre a escolha dos assuntos, os temas são universais. Sobre o editorial, há um interesse em revelar vozes femininas e modernas para falar de fatos que poderiam acontecer em Xangai ou Londres, por exemplo. Aos olhos do ocidente, seus idealizadores ainda têm dúvidas, mas esperam conseguir emplacar boas parcerias, ainda que o maior interesse dos outros países seja sobre os autores já conhecidos e que vendem mais.
Na outra ponta, já consagrada, está a Chutzpah!, de nome engraçadinho que na gíria urbana significa insolente, impertinente. A publicação existe desde os anos 1980, mas com outro nome e formato. Foi em 2011 que ganhou este título e se transformou em uma revista literária bimestral. Com entrevistas e resenhas de livros, ela é a queridinha dos interessados em literatura chinesa e dos apreciadores da arte gráfica. "Ela é toda criada de forma arquitetônica", diz Ou Ning, editor da revista.






