Holofotes sem fim para o nosso crescimento econômico, como os ingleses gostam de dizer, "booming". Do país da inflação à sexta maior economia mundo, esse desenvolvimento rápido não sai de pauta. Que o Brasil está na moda, todos os jornais estrangeiros já disseram. E, como era de se esperar, o interesse do mercado externo é cada vez maior. Na quarta-feira, começa a Feira de Bogotá, em que o Brasil é o país homenageado. Em outubro de 2013, em Frankfurt, adivinhe quem é o país convidado? Brasil. Aliás, 2014 está logo aí e o país, claro, é o convidado de honra da Feira de Bolonha, a mais importante sobre livros infantojuvenis.
Mas então ganhamos visibilidade e vamos continuar só comprando livros do mundo todo ou isso representa uma oportunidade de venda e intercâmbio cultural e literário? "É uma oportunidade para todo mundo. Acho que, na verdade, a Inglaterra, por exemplo, já estava de olho no Brasil. Mas precisou deixar bem claro, nos convidando para ter um estande na feira, para a gente enxergar o que estava acontecendo. Foi como um helloooo!", diz a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pansa.
É a primeira vez que o Brasil tem um estande na London Book Fair (LBF). Na esquina do corredor U, número 100, duas recepcionistas inglesas atendem pelos interessados, num espaço que contempla diferentes segmentos representados por editoras como Edusp, Cosac Naify, Novo Século, entre outras. São mais de oito prateleiras e duas mesas para oito pessoas. Não está mal.
Além do convite para ocupar um espaço na feira, a organização da LBF reservou na programação uma palestra sobre o Brasil, que aconteceu na segunda, 17, das 16h às 17h. Em um auditório com cerca de 150 pessoas, Karine abriu a "Overview of the Brazilian book and publishing market", um panorama sobre como funcionam as coisas no Brasil. Mostrou quem é a CBL, sua história, o que faz e quais produtos tem. E emendou planilhas para mostrar quais gêneros vendem mais. Na sequência, contou como anda a leitura no país e quais são os hábitos dos brasileiros.
Com os dados da última pesquisa da Cerlalc sobre os países da América do Sul, Espanha e Portugal, Karine ressaltou que só 45% da população costuma ler. A mesma porcentagem de pessoas que, por exemplo, nunca ouviu falar em e-books. No Brasil, em média, cada habitante lê quatro livros por ano. "E é impactante também saber que em um país de mais de 190 milhões de habitantes existam apenas 2.980 livrarias – e que 75% estão na região sudeste do país.
A apresentação continuou como uma introdução sobre o mercado. No palco, a agente literária Patricia Seibel tocou no ponto que os espectadores queriam. Como chegar ao mercado brasileiro? E que tipo de livro interessa às editoras? Patricia mora em Londres e trabalha na editora Kogan desde 2005. Está por dentro do que os ingleses querem com o Brasil e vice-versa. Numa espécie de aula, ponto a ponto, mostrou que, sim, o país vive uma fase muito boa, mas que a boa literatura ainda está na gaveta. O que vende mesmo são os livros de religião e autoajuda. "E se você conseguir emplacar sua obra na livraria Laselva, que existe em vários aeroportos, é sucesso na certa", disse. Livros rápidos e fáceis para o executivo que está de passagem.
Patricia é agente de Ágape, que teve mais de sete milhões de exemplares vendidos desde seu lançamento em meados de 2010. A obra do padre Marcelo Rossi foi lançada em Portugal e aguarda publicação, já confirmada, na Coreia do Sul, China e Polônia. "Outros países como Espanha e Hungria também estão neste momento avaliando o livro", disse.
Para terminar, Fábio Lima, da Biblioteca Nacional, falou sobre os programas do governo que pretendem alavancar o conhecimento sobre os autores brasileiros no exterior e que têm orçamento entre 2011 e 2020 de 7 milhões de libras. Com foco na tradução, alguns autores já fazem parte de um projeto internacional, em que são levados a outros países, em encontros e eventos, para divulgarem seus trabalhos.
Dentro das propostas apresentadas pela Biblioteca, também está uma revista ou newsletter com novidades sobre livros, e a ideia de criar uma residência de autores. Será como colocá-los juntos por um período para ver no que dá, que produção sai dali. "Não há nada certo ainda e não temos data. É sempre bom, claro, lançar algo na Flip, mas não posso confirmar nada ainda", disse Fábio. O jeito mesmo é esperar.






