Saraiva e Cultura buscam e-readers “baratos”
PublishNews, Roberta Campassi, 09/02/2012
Varejistas precisam solucionar problema do hardware para competir com a Amazon

A maior vendedora de livros do mundo vai instalar-se no Brasil e tem nas mãos uma peça-chave para explorar o mercado de livros digitais: o hardware. E não um hardware qualquer. O Kindle, da Amazon, não apenas costuma ser muito bem avaliado pelos usuários como é vendido a preços módicos – em território brasileiro, ele poderá desembarcar a R$ 199.

Nada mais lógico, portanto, que diante desse cenário as grandes varejistas brasileiras corram para solucionar um problema: com qual dispositivo elas vão concorrer com a Amazon?

“Estamos buscando alternativas ao Kindle”, afirma Fabio Herz, diretor de marketing e relacionamento da Livraria Cultura. “E não só por causa da Amazon, mas porque no mercado de e-books o hardware é fundamental.” A perspectiva é que a Cultura ofereça, ainda este ano, uma opção de dispositivo ao consumidor brasileiro, afirma o executivo, sem dar mais detalhes.

Marcílio Pousada, diretor presidente das livrarias Saraiva, diz algo semelhante. “Estamos ativamente buscando um e-reader barato para vender no Brasil.” Segundo ele, os preços dos dispositivos exclusivos para leitura oferecidos no país não são nada competitivos – nem com o Kindle e nem com os tablets. Tanto é que a Saraiva não vende mais nenhum leitor eletrônico pelo seu e-commerce.

“Acreditamos que o divisor de águas do livro eletrônico no Brasil é o tablet, e não o e-reader, mas precisamos ter uma opção de dispositivo dedicado à leitura”, afirma.

A Cultura ainda vende dois modelos de e-readers no seu site, mas os preços são salgados. O iRiver e o Positivo Alfa saem, cada um, por R$ 799.

A grande dificuldade, aponta Herz, é justamente encontrar um aparelho de leitura de qualidade que seja tão barato quanto o Kindle. “Vender algo na faixa dos US$ 100, como o Kindle é vendido nos Estados Unidos, é quase impossível por aqui”, diz.

Por ora, nenhuma das varejistas nacionais parece estar disposta a usar a mesma estratégia da Amazon, que é a de subsidiar o preço do Kindle aos consumidores, em troca do ganho de participação de mercado e da receita com a venda de conteúdo.

Sobram especulações de que, neste momento, as duas varejistas brasileiras estariam conversando com a Barnes & Noble. A maior concorrente americana da Amazon vem se pronunciando sobre expandir internacionalmente e é esperado que ela feche uma parceria com a rede Waterstones, do Reino Unido, como forma de fincar o pé na Europa. Perguntado sobre o assunto, Herz, da Cultura, responde: “São, de fato, especulações.” Procurada pelo PublishNews, a Barnes & Noble não respondeu.
[09/02/2012 01:00:00]