Luciana Villas-Boas, diretora editorial do grupo Record, deixará o cargo no dia 17 de março, após quase 17 anos de trabalho na editora. Ela enviou um e-mail a pessoas do mercado falando sobre sua saída e nele anuncia a criação de uma agência literária. A Record também soltou um comunicado onde informa a saída da executiva e deseja-lhe sucesso na nova função.

Segundo Villas-Boas e o comunicado da Record, o motivo para a saída da diretora é "estritamente pessoal". "Estou montando uma agência literária. A separação da Record já é dolorosa; não queiram que eu me separe da literatura também", contou a diretora em seu e-mail. "Villas-Boas & Moss Agência e Consultoria Literária terá sedes no Brasil e no exterior e representará autores brasileiros e listas estrangeiras. Nos próximos meses, terei mais a contar, inclusive data de inauguração", completou.

De acordo com as informações divulgadas, Villas-Boas passará parte significativa do tempo fora do Brasil a partir de abril. Segundo a Record, Sergio Machado, presidente do grupo, acumulará as funções de publisher e diretor editorial "até se decidir a nova estrutura do departamento".

Em seu e-mail pessoal, a executiva lembrou sua entrada na Record, em 1995, após dez anos de trabalho no Jornal do Brasil, e ressaltou o processo de expansão "incessante, inebriante, inexorável", iniciado em 1996, que levou à formação do grupo editorial.

"Sou grata a Sergio e a Sonia Jardim, sócios na Editora, pela enorme realização profissional que a Record me proporcionou", escreveu Villas-Boas. Ela ressaltou também que, embora entusiasmada com as mudanças que acontecerão este ano, sai com um "sentimento de perda" do convívio com os sócios, com a equipe da casa que ajudou a formar e com os autores. Villas-Boas também disse que fará "tudo para facilitar um período de transição".

Em comunicado, Machado afirmou: “Sinto muito orgulho por ter contado com a colaboração de uma profissional como Luciana, que nos acompanhou no crescimento do grupo e teve uma importante participação nesta trajetória, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento da literatura nacional de qualidade em nosso catálogo”.

“Nos 17 anos dedicados à Record, Luciana desempenhou um inestimável papel no reposicionamento da editora e no aprimoramento de todas as práticas que ajudaram o grupo a consolidar sua liderança no mercado editorial brasileiro", declarou Sonia Jardim.

A informação de que a executiva provavelmente sairia da empresa e de que o grupo passaria por uma reestruturação foi divulgada hoje, pela Folha de S. Paulo. De acordo com a reportagem da Folha, o motivo para a saída da diretora seria o desgaste natural pelo tempo na função e também um desentendimento com o comando da empresa no ano passado, depois que a Record perdeu para a Companhia das Letras os direitos de publicação da obra de Carlos Drummond de Andrade. A assessoria de imprensa da editora negou que a mudança no comando tenha relação com a perda desses direitos.