Fahrenheit 451 – livro e filme – contém algumas das cenas mais angustiantes já criadas sobre o ódio à literatura e, ao mesmo tempo, algumas das passagens mais comoventes sobre o amor a ela. Quem já leu ou assistiu provavelmente sofreu com os episódios em que milhares de livros são queimados, e também se emocionou com as belíssimas cenas finais – fica o mistério para quem ainda não sabe o fim. Agora, o livro clássico de Ray Bradbury será lançado pela Simon & Schuster em e-book, nos Estados Unidos. Segundo a Publishers Weekly, a editora conseguiu convencer o autor, que há muito tem aversão ao formato digital, a renovar os contratos de suas obras incluindo o livro eletrônico. A notícia faz pensar: se Bradbury escrevesse Fahrenheit 451 hoje, em plena ascensão dos livros digitais, como seus personagens iriam destruí-los? Uma ação mundial capaz de deletar todos os livros das “nuvens”? Uma fogueira gigante com todos os tablets, e-readers e computadores? Por outro lado, para salvar os livros, a solução imaginada por Bradbury em 1953 permaneceria válida.