A Edusp, editora da Universidade de São Paulo que organiza a tradicional Festa do Livro da USP, adiou na noite de sexta-feira o evento que começaria na quarta, dia 23. A decisão pegou as editoras de surpresa e ocorreu apenas três dias depois que a própria Edusp havia mandado um comunicado às empresas participantes informando que o evento não seria adiado.
O comunicado divulgado na sexta mencionou o adiamento da feira por tempo indeterminado e por “razões de logística”, mas não deu detalhes. Em entrevista ao PublishNews, hoje de manhã, Plínio Martins Filho, presidente da Edusp e organizador da feira, deu explicações vagas para o adiamento, mas pontuou a questão do pouco espaço disponível para a feira dentro do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). “Pegamos o espaço emprestado e está muito pequeno este ano, não dá para acomodar todo mundo”, disse Martins. Em 2010, segundo ele, 120 editoras participaram da feira e, este ano, são 130.
Martins também citou questões de segurança, sem ser claro. “O clima não está de festa e qualquer coisa pode gerar problemas. Eu não me sinto seguro de realizar a feira”, disse. O organizador citou panfletos que foram espalhados pela universidade ao longo dos últimos dias com mensagens que ameaçam quem fuma maconha e “comunistas”, para justificar sua preocupação. No fim de outubro, o prédio da reitoria da USP foi ocupado por estudantes que protestavam contra a presença da Polícia Militar no campus. O protesto durou doze dias e terminou no dia 08 deste mês. Segundo Martins, a ocupação nada tem a ver com a decisão de adiar a feira. “Não dá pra tentar politizar”, afirmou. O PublishNews não conseguiu fazer contato com representantes dos alunos ligados ao protesto.
No dia 16, a organização da feira havia divulgado um comunicado diferente, no qual, “com imensa satisfação”, confirmava a 13ª edição da feira entre os dias 23 e 25 de novembro. “Após inúmeras reuniões internas na USP, o evento não será adiado, permanecendo a data, horários e locais inicialmente fixados”, dizia o aviso.
A feira de livros da USP é frequentemente apontada pelas editoras como a que mais gera vendas devido aos grandes descontos praticados. “No ano passado, em apenas três dias, vendemos 6 mil livros na feira, o que equivale ao faturamento de um mês, às vezes um mês e meio”, afirma Jorge Sallum, editor da Hedra. “É o evento que mais gera vendas, mais do que a Bienal de São Paulo. Segundo Martins, “todos os editores que participam dizem que ela é a feira que gera o maior faturamento.” O evento ocorre sempre no fim de novembro.
A Hedra e Cosac Naify, Editora 34, Boitempo e Editora Unesp montaram uma comissão para buscar um outro local para a realização da feira ainda nesta semana ou na próxima. Segundo Sallum, estão sendo estudados cinco lugares e, dependendo de qual for escolhido, haverá espaço para acomodar todas as editoras que participariam da feira da USP. “Nós entendemos que ‘adiamento’ é um eufemismo para ‘cancelamento’”, disse Sallum, justificando a busca imediata de alternativas.
Martins, da Edusp, avisa que até a semana que vem haverá uma decisão sobre a feira. “Estamos estudando espalhá-la pelos outros prédios da USP, não ficar só na FFLCH.”
ERRATA: Ao contrário do que informou o PublishNews, a Cosac Naify não compõe o grupo de editoras que estuda realizar a feira em outro local. A editora informou que aguarda o posicionamento da Edusp.






