O cineasta Nelson Pereira dos Santos é muito reconhecido pelas adaptações que fez para o cinema de importantes obras da literatura, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, que deu origem ao filme A terceira margem do rio.
Na década de 70, ele havia conseguido uma verba milionária e decidiu filmar Tenda dos milagres, de Jorge Amado. Comprou 15 exemplares da obra em uma banca – “os mais baratos” – e com eles escreveu o roteiro do filme, que enviou para o escritor. Dias depois, Jorge Amado estava indignado com o texto e dizia que vários trechos ali não faziam parte de sua obra.
“Quando fui ver, tinha comprado cópias piratas do livro”, disse Santos, durante palestra na Fliporto, no dia 14, sobre a adaptação da literatura para o cinema e para a TV, ao lado de Guel Arraes e Tizuka Yamasaki. Foi aí que o baiano soube que estavam vendendo exemplares falsos do título. “O Jorge foi processar o cara e depois me botou de castigo na casa dele para ficarmos trabalhando no roteiro”, contou Santos, divertindo a plateia.
Na parceria com Jorge Amado, houve entre os dois algumas divergências. “O Jorge achava que uma coisa não devia ser daquele jeito, e eu obedecia, dizia que sim. Depois, na hora da filmagem, eu fazia o que eu queria”, revelou o bem-humorado cineasta.






