A HarperCollins (HC), dona da editora de livros religiosos Zondervan e um dos maiores grupos editoriais do mundo, agitou o mercado ao anunciar um acordo para a aquisição da Thomas Nelson por um valor não divulgado, ontem. O negócio unirá as duas maiores editoras de títulos religiosos do mundo, ambas norte-americanas, e é o mais relevante ocorrido no mercado editorial nos últimos tempos.

A HC destacou, em comunicado, que a Thomas Nelson tem em seu catálogo “alguns dos livros mais vendidos da indústria” e oferece conteúdo em variadas plataformas, incluindo e-books, áudio, vídeo e aplicações digitais. Segundo Brian Murray, presidente e principal executivo da HC, o catálogo da Thomas Nelson complementa bem a Zondervan e ajuda a equilibrar as linhas editoriais do grupo.

Mark Schoenwald, presidente e principal executivo da Nelson, destacou o caráter estratégico da transação. “Com os recursos e as capacidades da HarperCollins, vamos capitalizar muitas oportunidades neste mundo editorial que está mudando rapidamente.”

A Nelson pertence ao fundo de investimentos Kohlberg & Compan, que comprou uma participação majoritária na empresa em meados de 2010. A aquisição pela HarperCollins, que pertence ao magnata da comunicação Rupert Murdoh, significa que a editora deixará de ter um sócio apenas financeiro para ter um controlador estratégico, líder no mercado editorial.

Em entrevista ao site da Publishers Weekly, Schoenwald disse que o negócio com a HC vai acelerar a expansão internacional e digital da Nelson. A editora já distribui seus produtos em mais de 100 países e possui subsidiárias no exterior.

A Nelson atua diretamente no Brasil por meio de uma joint-venture firmada com o grupo Ediouro em 2006 e está entre as principais editoras de livros de desenvolvimento pessoal e literatura motivacional do país. Seu catálogo tem autores estrangeiros e nacionais, incluindo best-sellers de Augusto Cury e Gustavo Cerbasi.

Luiz Fernando Pedroso, superintendente do grupo Ediouro, disse ao PublishNews que a notícia da aquisição foi bem recebida no Brasil. “Estamos todos animados, aqui e nos Estados Unidos, porque agora a Nelson tem um investidor estratégico”, afirmou. Segundo ele, a editora americana ainda não conversou sobre o futuro da empresa com os sócios brasileiros.

“Somos sócios da Thomas Nelson no Brasil e não vemos motivos para mudanças nesse sentido”, disse Pedroso em relação ao futuro da joint-venture. Para 2012, a editora planeja dobrar seu faturamento com o lançamento de bíblias.

Schoenwald, da Nelson, afirmou que ainda é cedo para discutir como será a integração com a HC e que a editora manterá sua sede na cidade de Nashville, no estado do Tennessee, Estados Unidos.

A aquisição deverá passar pelo crivo dos órgãos reguladores norte-americanos e ser finalizada até o fim deste ano