O menino da Terra foi parar no iPad
PublishNews, Ricardo Costa, 08/09/2011
No aplicativo criado pela Punch! para a Melhoramentos é possível até autografar a obra

No final de semana passado na Bienal do Rio, mais especificamente no dia 3/8, no estande da editora Melhoramentos, o Menino da Terra chegou aos iPads. O projeto foi da editora Melhoramentos em parceria com a Punch! Comunicação e Tecnologia, e não foi uma simples “conversão” de físico para digital. O menino da terra é um aplicativo desenvolvido para aproveitar os recursos do tablet da maçã. Com ilustrações divertidas, interação, jogos, vídeos e até entrevista do Ziraldo, o App procura integrar recursos para cativar cada vez mais o pequeno leitor. “Faço livros sobre meninos há mais de 30 anos e agora há novas plataformas para contar as nossas histórias. Para mim o livro continuará a ser o objeto mais bonito e importante que o ser humano criou”, explica Ziraldo no vídeo exclusivo produzido pela Punch! para o app.

Outro destaque do aplicativo é a possibilidade do autógrafo digital. O autógrafo é feito direto no aplicativo no iPad e uma vez gravado não pode mais ser apagado. A grande preocupação da editora era que a criança não corresse o risco de perder o autógrafo, a menos que perdesse o próprio iPad - o que seria como perder também um livro - mas segundo Bruno Valente, diretor da Punch!, “a única maneira de apagar o autógrafo é apagando o aplicativo ou perdendo o tablet.”

Veja aqui o trailer do App e baixe o aplicativo na App Store, onde custa US$ 5,99.

Para Breno Lerner, superintendente da editora Melhoramentos, o mundo do livro digital é inevitável mas ainda estamos engatinhando. “A única certeza que eu tenho é de que as coisas não vão acontecer tão rápido quanto dizem os profetas do apocalipse. Não vamos dormir hoje e acordar amanhã com tudo digital. Há muitas questões ainda a serem resolvidas, aqui no Brasil. Onde estão os Nooks, os Kindles, os iPads?”, comenta. Para Breno, se no dia do lançamento do app de O menino da terra para iPad houvesse uma fila no estande da editora, de pessoas querendo baixar o aplicativo, o grande problema seria o hardware. “Não tem iPad pra todo mundo que quer.”

Questionado sobre a decisão de desenvolver o produto, já que na sua visão ainda falta um certo tempo para o digital deslanchar no Brasil, Breno respondeu que é preciso experimentar; testar; descobrir caminhos. “Estou engatinhando para depois poder andar.” O diretor vê o futuro e garante que está se preparando para ele. O próprio O menino da terra já foi lançado em 2010 em formatos impresso e digital (PDF). A editora já tem todos os seus livros em formato digital PDF e trabalha atualmente na conversão desses digitais para ePub. “E vai chegar um momento de testar também o lançamento primeiro em digital e depois no impresso”, comentou Breno.

O superintendente da editora acredita ainda que digital e impresso irão conviver para sempre. “O digital vai tirar um pedacinho do mercado do impresso, com certeza. Pode chegar a uma fatia grande? Especificamente no caso da Melhoramentos acho que não. Falo isso com a tranquilidade de quem tem o dicionário Michaelis na App Store há muito tempo com mil a dois mil downloads mês, mas que nem por isso a venda papel caiu. Ainda.”

O próximo passo da editora é a experimentação de desenvolvimento de executáveis. Hoje o seu catálogo de arquivos digitais conta com cerca de 150 títulos, o que deve dobrar até o final de 2012; mas na visão de Breno Lerner, ainda é preciso decidir o melhor formato para cada produto. “Preciso entender como vai funcionar isso para depois poder lhe responder se vou fazer mais executáveis ou arquivos.” E o diretor planeja para dentro de 60 a 90 dias o lançamento do primeiro aplicativo de culinária, que segundo ele, é uma das grandes receitas da empresa atualmente. “A maior receita que tenho hoje na mídia eletrônica ainda não é de produtos, mas de licenciamento do meu banco de dados de dicionários e de receitas. E o grosso disso, inclusive, vem de fora do Brasil.

A Babylon, de Israel, compra a base de dados do dicionário Michaelis e depois vem concorrer com a própria Melhoramentos, por exemplo, no portal do UOL - onde fica lado a lado com a janela do Michaelis. E isso levanta uma nova questão. “Até hoje as negociações de direitos eram pensadas em termos de território. Agora vamos ter que repensar isso. Quem sabe agora a gente passe a falar em formatos.”

A Melhoramentos já tem uma pequena equipe com a função exclusiva de pensar o tempo todo nos projetos digitais da empresa. Nas palavras de Breno, são “uns meninos que falam uma língua que a gente não entende mas que juram que estão falando português.” E o executivo diz ter grande prazer em trabalhar com algo novo e desconhecido: “A gente vai ter que repensar muita coisa, e pra ser honesto, para um cara um pouco mais velho como eu, isso é muito gostoso.”

E ele chama a atenção para outro detalhe ainda: a mídia social. “Muito antes dos livros eletrônicos, as mídias sociais poderão fazer muito pela leitura, seja pelo livro papel, seja pelo livro eletrônico.” E essa é outra tarefa desse departamento digital dentro da Melhoramentos.
[08/09/2011 00:00:00]