Ficção científica tem destaque no Cultura Inglesa Festival
PublishNews, Gabriela Nascimento, 26/05/2011
A 15º edição começa no dia 27 de maio

Na sexta-feira passada, dia 20 de maio, a British Library inaugurou em Londres a exposição “Out Of This World – Science fiction but not as you know it”, que mostra como o gênero de histórias especulativas influenciou descobertas científicas reais. Coincidentemente, a partir do dia 27 de maio, quem passar pela estação de metrô Paraíso (Rua Vergueiro, 1563 – São Paulo/SP) poderá conhecer o que os ingleses escreveram dentro deste gênero literário que surgiu em 1816 e que continua vivo e se renovando até hoje na exposição multimídia “Ficção Científica Britânica”. Com painéis, fotos, videoclipes, capas de livros, música e quadrinhos, ela pretende mostrar a contribuição inglesa a partir do resgate de obras como Frankenstein, de Mary Shelley, e Guerra dos mundos, de H.G. Wells, entre tantos outros. Haverá ainda a exibição de filmes deste estilo, muitos dos quais adaptados de obras literárias como os próprios “Frankstein”(James Whale) e “Guerra dos mundos”(Byron Haskin), além de “2001: Uma odisséia no espaço”(Stanley Kubrick) e “1984”(Michael Redford). Confira os horários. A exposição faz parte da programação do 15° Cultura Inglesa Festival, que vai agitar São Paulo entre os dias 27 de maio e 12 de junho com shows, filmes, peças de teatro, cursos e espetáculos de dança.

Outras atrações literárias do Cultura Inglesa Festival são encontros com autores em bate-papos. Um deles será um dia depois da inauguração da exposição, 28 de maio, na própria Estação Paraíso do Metrô: Roberto Causo, escritor, jornalista e editor de ficção científica, conversa com Rogério de Campos, curador do 15º Cultura Inglesa Festival e diretor da Conrad Editora, a partir das 12h30.

A atração internacional será o escritor Robert Shearman, finalista do Hugo Awards, mais importante prêmio dedicado à literatura de ficção científica. O escritor inglês só lançou sua primeira coleção de contos em 2007, mas já era bastante conhecido por conta do seu trabalho no teatro, onde ganhou diversos prêmios, e na televisão, como roteirista da série Doctor Who. Em sua visita ao Brasil, Shearman irá participar, no dia 27 de maio, do evento “Reading With Ears”, promovido regularmente pelo Centro Brasileiro Britânico e que desta vez passa a integrar o festival. O encontro, que vai ter o autor lendo parte de sua obra, acontece às 19h no Auditório da Cultura Inglesa Itaim (Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 748 – Itaim – São Paulo/SP). No dia seguinte, 28 de maio, Robert Sherman vai até a Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073 – Bela Vista – São Paulo/SP) para um bate-papo. O encontro está marcado para às 15h30. Tanto o evento do dia 27, quanto o do dia 28 são gratuitos, mas os ingressos devem ser retirados uma hora antes no local.

Sobre ficção científica britânica

A ficção científica surgiu junto com a ciência moderna. O gênero costuma misturar diferentes temas, como aventura e romance, com a extrapolação de princípios científicos. Diferente do caminho que o gênero tomou nos Estados Unidos, em que o temas mais populares são robôs e viagens espaciais, a ficção científica britânica é politicamente engajada e muito sombria. Considerada uma espécie e filhote da literatura fantástica, o primeiro romance considerado literatura de ficção científica é de 1816. Mary Shelley, Lord Byron, John William Polidori e Claire Cliarmont resolveram escrever contos de terror durante uma viagem de verão. Shelley, inglesa de 16 anos de idade, escreveu Frankstein e, sem querer, fez nascer esse gênero completamente novo de literatura. Mas a ficção científica só tomou forma de verdade mais tarde, quando H.G. Wells escreveu obras que se tornariam clássicos, como Guerra dos mundos, O homem invisível e A ilha do doutor Moreu.

Durante o século 20, a ficção científica britânica atingiu seu ápice quando Adouls Huxley lançou Admirável mundo novo e George Orwell escreveu 1984, duas distopias sombrias e pessimistas que influenciaram obras posteriores, como Laranja mecânica, de Anthony Burgess, e Superbrinquedos duram o verão todo, de Brian Aldiss (as duas obras foram adaptadas para cinema - a primeira no filme homônimo dirigido por Stanley Kubrick e a segunda em AI: Inteligência Artificial, que também começou como um projeto de Kubrick mas, por conta de sua morte, foi terminado por Steven Spielberg).

Entre os livros mais recentes, destaca-se a série de humor escrita por Douglas Adams, O guia do mochileiro das galáxias. O último volume, Até mais, e obrigado pelos peixes!, foi publicado em 1984. Um quinto livro, Praticamente Inofensiva, que completa a satírica ‘trilogia de cinco’, foi lançado em 2006, depois da morte do autor. Este título, no entanto, é frequentemente excluído da série original por ser muito diferente dos primeiro livros. Há ainda um sexto volume, And another thing, escrito por Eoin Colfer com a autorização dos herdeiros de Adams, e lançado em 2009.

Outro grande autor britânico desse gênero literário é J.G. Ballard, que direcionou sua obra para análises do comportamento da sociedade atual, mas em cenários futuristas. Ele começou a carreira no começo dos anos 60 com The Wind From Nowhere, Ele morreu há somente três anos conquistou notoriedade ao publicar o controverso romance Crash (de 1973) e continuou a escrever até o fim de sua vida. Seus dois últimos livros, Terroristas do milênio (de 2003) e O Reino do amanhã (de 2006) foram publicados no Brasil pela Companhia das Letras.

[26/05/2011 00:00:00]