Vencedor do Prêmio Benvirá apresenta livro
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 24/05/2011
“Nihonjin” já está à venda e foi dado para 18 mil professores, diretores de ensino e bibliotecários

Oscar Nakasato preparava sua tese de doutorado no começo dos anos 2000 quando teve uma ideia para um livro, mas não mexeu muito naquilo enquanto não conseguiu colocar um ponto final no trabalho “Imagens da integração e da dualidade: Personagens nipo-brasileiros na ficção”. Voltou ao projeto em 2003 e só quatro ou cinco anos depois deu o livro como encerrado. Mandou sem sucesso o original para algumas tantas editoras. Inscreveu a obra no Prêmio Sesc e no Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura. Nada... Mas ele achava que tinha uma boa história na mão e assim que o Prêmio Benvirá foi anunciado lá estava Nakasato mandando seu livro. E dessa vez deu certo.

Com Nihonjin, que quer dizer japonês, Oscar Nakasato, esse professor de literatura e de português de Apucarana, no norte do Paraná, desbancou autores já consagrados e outros nem tanto que fizeram chegar à Benvirá mais de 1.900 originais. Nesta segunda-feira, o autor veio a São Paulo apresentar o livro e receber o seu troféu. Além de ver o livro publicado e distribuído, ele ganhou R$ 30 mil.

O apoio da International Paper e da gráfica RR Donnelley fez com que a Benvirá imprimisse uma tiragem maior do livro e mandasse 18 mil exemplares para diretores de ensino, professores e bibliotecários de escolas públicas e privadas do país. Uma outra tiragem de 10 mil exemplares está à venda nas livrarias.

Nihonjin (Benvirá, 176 pp., R$ 19,90) conta a história de Hideo, mas poderia ser sobre qualquer imigrante japonês que desembarcou no Brasil para trabalhar um pouco, melhorar de condição financeira e voltar ao Japão. “Esse livro foi contruído a partir de lembranças minhas, de coisas que eu ouvia pessoas próximas contando e de muita pesquisa”, disse o autor, ele mesmo neto de japoneses que trabalharam nas lavouras de café de Promissão, no interior de São Paulo. Nakasato também viveu de perto essa realidade. Até os sete ou oito anos, não se lembra bem, viveu no sítio. Graças ao pai, ele e os irmãos se mudaram para Maringá para estudar. Nakasato tem hoje 47 anos.

Planos para um novo livro? “Sou muito preguiçoso para escrever e não tenho a disciplina que um escritor precisa ter”, brincou enquanto sua filha Elis Tana, de oito anos, não perdia um lance da entrevista e registrava todos os momentos com a câmera do seu celular cor de rosa. “Tenho muitas ideias, mas às vezes sento e não sai nada. Aproveito e jogo uma partida de Paciência.” Mas é claro que um prêmio como esse é um incentivo, disse por fim. “Aliás, é quase uma pressão”. Brincadeiras à parte, Nakasato já pensa sim em um novo romance e em desengavetar alguns contos que vem escrevendo – alguns deles já foram premiados no Paraná e publicados coletâneas.

Um aviso aos leitores: o garotinho da capa não é o escritor!

[24/05/2011 00:00:00]