Marcando o encerramento de seu mandato à frente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Rosely Boschini, que comandou a presidência da entidade por dois mandatos, escreveu uma carta para seus associados onde presta contas de todo o trabalho realizado, por meio de um relatório de gestão pública. Rosely avaliou sua gestão como positiva, dizendo-se feliz por constatar que conseguiu realizar toda a ação programática com a qual sua gestão se comprometeu, observando que o trabalho realizado atendeu às expectativas do mercado. Na carta, a presidente ainda destacou os avanços conquistados pela CBL nos últimos anos, agradecendo ainda a grande participação dos associados no cotidiano da Câmara.

Confira a carta aberta escrita por Rosely Boschini:

Caro associado:

Ao encerrar meu mandato como presidente da Câmara Brasileira do Livro, faço questão de lhe prestar contas de todo o trabalho realizado, por meio do relatório de gestão publicado através do site e impresso. Esta atitude é um dever de quem recebeu o voto livre, soberano e democrático de seus pares, para representá-los na direção de uma entidade de classe tão expressiva para o setor editorial e tão importante para o Brasil.

Sinto-me feliz ao constatar que conseguimos realizar, com muita dedicação e esforço, toda a ação programática com a qual nos comprometemos na eleição realizada em fevereiro de 2009. E me emociona observar que o trabalho realizado corresponde às expectativas do mercado, com o qual interagimos de modo permanente, buscando entender seus anseios, necessidades e prioridades.

Felizmente, os avanços foram muitos nos últimos anos. Realizamos, de modo pioneiro, o Congresso Internacional do Livro Digital, iniciando um processo de estudos, pesquisas e preparação do mercado para assimilar essa tendência.

Um dos atos marcantes da gestão que se encerra refere-se às transformações empreendidas na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Foi preciso coragem, ousadia e, sobretudo, capacidade de ouvir e entender o que o nosso setor estava esperando desse evento, que é o grande momento do livro no Brasil. Não é tão simples quanto possa parecer realizar mudanças estruturais numa verdadeira instituição como é a Bienal do Livro de São Paulo. Encaramos o desafio e vencemos. O novo modelo teve enorme êxito, jamais visto. Foi um grande mérito de todos os que deram sua contribuição, com sugestões, trabalho e participação.

O Prêmio Jabuti quebrou sucessivos recordes históricos de inscrição, mesmo nos terríveis momentos da crise econômica mundial de 2008 e 2009. O certame refletiu todos os avanços do mercado editorial, bem como o crescente prestígio de nosso setor, para o qual trabalhamos muito, em termos de representatividade, na interação com o setor público e os distintos segmentos da sociedade.

A participação em feiras no exterior, com presença cada vez mais destacada do livro brasileiro, a representação política do setor e suas consequências positivas para editoras, livrarias, distribuidores, creditistas e, principalmente, a sociedade, foram passos também expressivos para alcançar nossa missão maior que é converter o Brasil em um país de leitores!

Mais do que nunca, temos uma entidade viva, dinâmica, proativa, corajosa e ousada na defesa do livro e da leitura, com total legitimidade para reivindicar políticas públicas, plena abertura para entender as reivindicações do mercado e agir de modo integrado às demais organizações representativas do setor editorial.

Ante os bons resultados obtidos, faço questão de salientar o esforço sem limites, competência e envolvimento de todos os companheiros e companheiras de diretoria em prol da causa maior do livro. O trabalho de nossa dedicada diretoria deixou claro que a militância associativa é, antes de tudo, uma atitude de desprendimento. Implica prolongadas horas de trabalho dos dirigentes estatutários além das jornadas em suas empresas e, em numerosas vezes, significa colocar o próprio negócio em segundo plano, priorizando a entidade de classe e o bem comum do setor.

Os executivos e quadro de colaboradores da CBL também merecem nosso máximo reconhecimento. Sua incansável atuação, qualificação profissional e eficácia foram elementos decisivos nas vitórias obtidas.

Agradeço, ainda, a grande participação dos associados no cotidiano da CBL, em todos os eventos, reuniões e decisões relevantes. Esse saudável exercício de democracia participativa, incluindo construtivas críticas, alinhou a entidade aos mais contemporâneos conceitos de governança.

Se em todo esse trabalho contribuímos para agregar valores e promover avanços na CBL, vale ressaltar que a entidade também mudou nossas vidas. Aprendemos a ouvir mais e compartilhar decisões e responsabilidades. Entendemos com absoluta clareza que bons concorrentes são aqueles que trabalham unidos pelo aprimoramento e ampliação de seu mercado. Percebemos, na mais profunda dimensão, o quanto é significativa a missão de uma entidade de classe para a defesa de seu setor e o desenvolvimento do País. A CBL tem sido um grande exemplo disso, trabalhando com muito foco na evolução do mercado e atuando, com idealismo e força, no sentido de que mais brasileiros possam ler, informar-se, formar-se e exercitar de modo pleno o dom da cidadania.

Termino meu segundo mandato na CBL com a sensação do dever cumprido. Tranquiliza-me, também, a consciência de que minha sucessora, Karine Pansa, e a nova diretoria têm a mesma determinação e toda a competência necessária ao sucesso da meta de promover o constante avanço de nossa entidade. Desejo-lhes êxito em sua grande missão!

A CBL é inspiradora, desafiadora e guardiã da esperança de um Brasil mais culto, mais justo e preparado para cumprir seu destino como grande nação. Presidir essa magnífica entidade permitiu-me entender, como nunca, o significado do verso de Fernando Pessoa no poema Mar Português: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena".

Rosely Boschini (rboschini@editoragente.com.br)

Presidente da Câmara Brasileira do Livro