período de escolha das locações para seus filmes, boa parte exibidas em importantes museus e galerias de vários países, estão agora reunidas no livro Lugares estranhos e quietos/Places, strange and quiet de Wim Wenders (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Mostra Internacional de Cinema, 64 pp., R$ 60). Nesta quinta-feira, dia 10, o livro será lançado no MASP – Museu de Arte de São Paulo (Avenida Paulista, 1578), onde foi inaugurada pelo cineasta, em outubro de 2010, a exposição que atraiu até agora público estimado em 240 mil pessoas.
Suas exposições intituladas “Written in the West” e “Pictures From the Surface of the Earth” originaram livros com os mesmos títulos e anteciparam o clima presente nas imagens do livro bilíngue. Uma tiragem especial do livro foi numerada manualmente de 1 a 50, tendo nas páginas de guarda um desenho dourado e a assinatura do cineasta. Por iniciativa do novo presidente da Imprensa Oficial, professor Marcos Antonio Monteiro, esses exemplares serão distribuídos a bibliotecas públicas e instituições culturais cujos acervos remetem à fotografia e ao cinema.
Wim Wenders orientou pessoalmente a montagem da exposição que, após São Paulo, segue para Londres. Ajustou a maneira de se fixar as fotografias – todas de grande dimensão, até quatro metros de extensão –, buscando a iluminação precisa, marcando o ritmo, incitando o visitante a um estado de deslumbramento, provocado pelo silêncio que sugerem as imagens – retratando certos lugares que o homem na Terra parece ter abandonado –, mas ao mesmo tempo parte de nossa complexa condição humana. “Talvez todo esse espanto venha mesmo do fato de o olhar do cineasta não percorrer caminhos comuns”, comenta Leon Cakoff, que trouxe Wenders a São Paulo.
De fato, a primeira imagem que abre o livro e a exposição nos remete ao pintor norte-americano Edward Hopper, mas, Wim Wenders, em seu texto poético, afirma que quando todos estão olhando para um lado, ele olha para outro. Embora no cinema Wenders utilize o processo digital, suas fotografias são ainda realizadas pelo processo analógico, sem nenhum efeito especial ou manipulação de qualquer natureza. Ele fez questão de acompanhar de perto o projeto do livro, discutindo sua produção gráfica, e estudando com a equipe editorial da Imprensa Oficial a paleta ideal de cores para a impressão.