Cartas de Simón Bolívar analisadas
PublishNews, Redação, 12/01/2011
Análise das cartas revela seu esforço em construir uma imagem heróica

Herói da independência em diversos países, Simón Bolívar tonou-se mito inspirador de bandeiras político-ideológicas frequentemente resgatadas no continente americano, tais como a construção de uma América Latina integrada, em unidade. É ainda hoje evocado por personalidades políticas, entre elas o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que mobiliza os ideais defendidos por “el Libertador” para atualizá-los em discursos anti-imperialistas.

Seus feitos, além de registrados nas páginas da História, foram também descritos por ele mesmo em inúmeras correspondências produzidas ao longo de sua vida. O livro Guerras e escritas: a correspondência de Simón Bolívar (1799-1830) (Unesp, 290 pp., R$ 48) resulta de uma análise detalhada feita por Fabiana de Souza Fredrigo das cartas escritas por Bolívar desde sua primeira viagem à Espanha, em 1799, até 1830, ano de seu falecimento.

Fabiana demonstra que Bolívar tinha consciência de seu papel histórico e revela a preocupação deste personagem em construir uma imagem que ficaria para a posteridade, a de homem público irretocável.

A autora aponta, ainda, como a historiografia foi seduzida pelo epistolário de Bolívar, visto que os autores dos séculos XIX e XX acompanharam a visão produzida por ele sobre os fatos. Ao escrever sobre suas atitudes de renúncia e denunciar injustiças de contemporâneos para com ele, Bolívar alimentou a ideia de sua indispensabilidade e forneceu subsídios para o “culto ao herói” construído em torno de sua imagem.
[12/01/2011 01:00:00]