Um dos eventos mais interessantes da Feira de Frankfurt é o CEO Talk, algo como “Conversa entre presidentes”, que tem como objetivo discutir o Ranking Global da Indústria Editorial e ao mesmo tempo trazer presidentes de grandes grupos editoriais para discutir o atual panorama do mercado de livros. Neste ano, o evento foi realizado logo na quarta-feira (6) e contou com a presença dos seguintes executivos: Carolyn Reidy (Simon & Schuster), Peter Field (Penguin UK), Jesús Badenes (Planeta) e Teresa Cremisi (Flammarion).
Resultado de uma parceria entre as publicações setoriais Livres Hebdo (França), The Bookseller (UK), buchreport (Alemanha) e Publishers Weekly (EUA), o Ranking Global da Indústria Editorial existe desde 2007 e é organizado pelo consultor alemão Rudiger Wischenbart. São estudados os 50 maiores grupos editoriais do mundo, com faturamento acima de 150 milhões de euros. No ranking apresentado ontem, o grupo Pearson manteve sua primeira posição com um faturamento de US$ 7,76 bilhões. Aliás, de maneira geral, os 10 primeiros colocados se mantiveram em relação a 2009, com exceção do grupo Planeta que, com a aquisição da francesa Editis, ultrapassou o grupo McGraw-Hill e passou à sétima colocação. Clique aqui para acessar o ranking.
Depois de uma breve apresentação do próprio Rudiger Wischenbart, os presidentes passaram a discutir o status do mercado de livros global a partir de perguntas e colocações dos jornalistas dos veículos que patrocinam o ranking. O debate praticamente ignorou livros em papel e o grande enfoque foi o livro digital, suas oportunidades e ameaças.
Jesús Badenes, da Planeta, comentou o crescimento do mercado espanhol em 2009. “Crescemos 5% graças ao aumento da participação de supermercados na venda de livros, a novas técnicas de marketing e à trilogia Larsson”, explicou o espanhol. “Mas em 2010, esperamos uma queda de 8%”, apressou-se em evitar grandes entusiasmos. Segundo Badenes, os supermercados já respondem por 15% do mercado espanhol.
Em seguida, a toda-poderosa da Simon & Schuster, Carolyn Reidy, falou sobre o mercado norte-americano. “As vendas já estão caindo há dois anos”, explicou. Reidy explicou que os americanos simplesmente começaram a ir menos a livrarias e a ponto das vendas em supermercados, e mesmo que a participação de multivarejistas tenha aumentado, não foi o suficiente para compensar a queda das livrarias. Além da crise, Reidy atribuiu a queda das vendas também ao crescimento dos e-books. Segundo ela, os livros digitais responderam por 4,5% das vendas em 2009 e prevê-se que respondam por 8% das vendas em 2010. “Os e-books tiveram uma explosão de vendas, mas não sabemos quanto desta venda está substituindo vendas de livros de papel e quanto é de fato, adicional”, afirmou antes de concluir que “o mercado norte-americano está em um momento fascinante, mas incerto”.
Peter Field, da Penguin UK, ressaltou que os preços dos livros estão estáveis há seis anos na Grã-Bretanha e que as despesas têm aumentado. Quanto ao livro digital, informou que ele corresponde a apenas 1% do mercado. “Os e-books estão começando a crescer e este será nosso primeiro Natal com o Kindle, temos de aguardar.”
“O mercado francês passa hoje uma impressão de estabilidade e o italiano de uma pequena crise”, afirmou Teresa Cremisi, da Flammarion. Quanto ao mercado digital, a italiana acha que só em dois ou três anos ele começará a ser relevante nos dois países. “Em idiomas menores, o livro digital está apenas começando”, afirmou.
A discussão continuou completamente focada no livro digital, passando por self-publishing e mídias sociais. Merecem destaque os comentários de Carolyn Reidy, sempre assertivos. Sobre o Google Editions: “Esta iniciativa da Google permite que livrarias menores participem do mercado digital, e isto é bom. Mas eu vejo tudo isso com alguma reserva.” Sobre self-publishing: “Não descartamos investir em self-publishing na Simon & Schuster no futuro, mas temos outras prioridades agora.” Sobre mídias sociais: “Noventa e cinco por cento de nossas vendas ainda acontecem graças à mídia tradicional. E é importante lembrar que o leitor quer se comunicar com os autores, não com uma corporação.”
Ao longo do bate-papo ficou claro como os EUA já estão no futuro digital do livro, enquanto os europeus continuam um tanto reticentes. Em uma espécie de meio termo ficaria a Espanha, que já começa a desenvolver seu mercado digital.
A cobertura da Feira do Livro de Frankfurt pelo PublishNews tem o apoio da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo





