Maior distribuidora de livros do mundo procura parceiros no Brasil
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 15/09/2010
Diretor de vendas internacionais da Ingram está no país para conhecer o mercado nacional e trazer seus produtos para cá

Esta é a quinta vez de Paul Petani no Brasil. Ele começou vindo quando trabalhava para a Moore (hoje parte da gráfica Donnelley) e esteve aqui pela última vez quando ainda atuava no mercado náutico, um pouco antes da recente crise econômica americana. Agora que é diretor de vendas internacionais da maior distribuidora de livros do mundo, quer conhecer quem é quem no mercado editorial brasileiro. “O Brasil é o segundo maior importador de livros americanos da América Latina e a Ingram vê muitas oportunidades de negócio aqui”, disse.

Por isso, e para manter o índice de 10% a 20% de crescimento em vendas internacionais, Petani está se reunindo desde segunda-feira (13) com cerca de 15 representantes de livrarias e distribuidoras, em São Paulo. Ele deixa o país hoje com a ideia de voltar para conhecer também as editoras e sabendo que duas ou três opções de negócio já poderiam ser colocadas em prática. Para isso, precisa apenas de parceiros.

Dois fatores chamaram a atenção da Ingram: o contínuo crescimento do país e justamente essa posição que ocupa na América Latina. Em 2009, segundo dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos citados por ele, o Brasil comprou US$ 18,9 milhões em livros (só dos Estados Unidos). O México é o líder disparado, com um gasto de US$ 75 milhões. Em termos globais, os Estados Unidos exportaram nesse período cerca de US$ 2 bilhões – a metade para o Canadá.

A Ingram tem clientes em 200 países e conta com mil funcionários – a maioria no Tennessee, embora outros 200 estejam no Reino Unido por causa de uma unidade de impressão sob demanda instalada lá e alguns outros no Canadá. É a maior distribuidora, mas essa denominação ficou no passado, comenta Petani.

Hoje, a empresa tem três tipos de clientes: editores, livrarias e bibliotecas. E uma infinidade de produtos e serviços para cada um desses segmentos. O portfólio completo pode ser visto no site da empresa. Por ora, ficaremos naqueles que trouxeram a Ingram ao Brasil – seu banco de dados de livros, impressão sob demanda e desenvolvimento de bibliotecas.

Distribuição e serviços digitais

“Um site pode ter um número ilimitado de títulos disponíveis, e quanto mais títulos você oferece, maiores são as chances de venda”. Com esse argumento, está tentando convencer as livrarias e distribuidoras brasileiras a usar o seu banco de dados de livros. A seu favor, números: a Ingram tem 6 milhões de títulos ativos - dos quais 4 milhões para impressão sob demanda (o que não toma mais de dois dias no processo), mais um milhão nas plataformas das editoras e 800 mil em estoque. E também a segurança de quem já atua com sucesso em mercados distantes, como África do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia e outros. Ele garante que a entrega do livro, que pode ser feita na livraria ou diretamente na casa do consumidor final, dependendo do contrato, é muito mais rápida do que em um processo normal de compra em uma livraria nacional que terá de importar o livro

Se recebem o pedido até às 10h, enviam o livro no mesmo dia. Se o pedido for de uma obra que deverá ser impressa, e se o pedido chegar até esse mesmo horário, é enviado no dia seguinte. Para chegar ao Brasil, levará pelo menos outros cinco dias. O que é muito pouco, já que o tempo de importação de um livro é de quatro a seis semanas.

Há diferentes pacotes para este serviço e o preço começa em US$ 100 por mês.

Print on demand

Uma pessoa que compra um livro através da Ingram não sabe se ele foi impresso há dez anos ou há algumas horas. O serviço de impressão sob demanda é outro ponto forte da empresa e é favorecido pelo sistema de distribuição da Ingram, que fica bem ao lado da unidade de impressão. No site, eles até dizem que há uma quantidade em estoque. Assim, a pessoa não desiste da compra por achar que vai demorar a receber o produto.

Hoje, a parceria poderia ser feita de duas formas. Daria para comprar o livro deles e esperar essa semana entre impressão e envio. Ou, e essa opção é a preferida de Petani, associar-se a uma empresa brasileira que já trabalha com impressão sob demanda, mandar o arquivo eletrônico do livro para cá e ganhar alguns dias na entrega.

De todos os lugares onde atua, a empresa só tem uma unidade de impressão sob demanda no Reino Unido. Atende a todos os outros mercados remotamente.

A aposta nesse serviço desenvolvido pela Lightning Source, uma das empresas do grupo, é grande. “O livro digital e a impressão sob demanda vão fazer o mercado maior”, ele acredita. Para o diretor, não haverá mais barreiras entre os países. E tão logo o mercado de livros digitais avance, a Ingram poderá também distribuir obras de muitos mais países. Hoje, conta com 3 mil títulos em português e outros em espanhol, francês, alemão e em outras línguas.

Biblioteca

A Ingram quer parceiros também que a ajude a negociar com universidades. Empresas que já estejam trabalhando e que tenham experiência com plataformas digitais de bibliotecas são bem-vindas.

A empresa norte-americana possui um projeto, chamado de MyiLibrary, que auxilia a biblioteca na construção de seu acervo e de seu sistema de informação. E isso serve para livros digitais e impressos. No caso de livro digital, não há download, apenas acesso on-line, mas o aluno pode copiar trechos.

“As bibliotecas estão mudando mais rapidamente para o mercado digital do que o mercado consumidor” e aí está mais uma oportunidade de negócio. A Universidade de Stanford já usa o programa. Além dela, há outras no Canadá, Estados Unidos, China, México e Reino Unido.

Mas nessa área, conhecem muito pouco do Brasil. “Não falaríamos diretamente com as universidades, não conhecemos o mercado. Por isso, procuramos um parceiro”.

Volta

“Hoje visito de uma perspectiva de venda, mas devo voltar para conhecer os editores para tentar ajudá-los a exportar seus conteúdos”, comentou Paul Petani. O foco da empresa é mesmo o México e o Brasil. Depois deles, vêm Colômbia, Argentina e Chile. “Vejo muitas oportunidades para a Ingram aqui e só estamos no começo da conversa. O mundo está ficando menor e isso vai acelerar o compartilhamento de informação”, finalizou.
[15/09/2010 00:00:00]