Robert Crumb não queria vir ao Brasil. Gilbert Shelton também não gosta de viajar. Mas por insistência das mulheres, Aline Kominsky-Crumb e Lora Fountain, disseram sim à organização da Flip neste ano. Na mais esperada e lotada mesa desta edição da festa, os dois, um tanto entediados, falaram sobre a mulher brasileira, cantarolaram Garota de Ipanema e Aquarela do Brasil, fizeram palhaçada, conversaram sobre seus personagens e sobre o passado, mas não empolgaram a plateia.
Aline, também cartunista, foi chamada ao palco e tomou conta da última metade da conversa. Agradeceu por ter sido convidada, já que há 40 anos era ignorada. Crumb disse que o fato de Os três patetas serem conhecidos aqui nos anos 60 e 70 o fez respeitar mais o Brasil.
Na coletiva de balanço, a organização considerou positiva a participação deste que é um dos maiores cartunistas vivos. “Crumb sempre foi a maior figura que a gente poderia trazer”, disse Flavio Moura, diretor de programação, avaliando que foi uma grande coisa para o público da Flip poder estar perto dele. “E uma sorte ele ter ido até o palco”, contou, lembrando o gênio de Crumb, que uma vez se distraiu num sebo e não chegou a fazer a palestra combinada. Flavio disse ainda que sua participação na Flip deve ser lembrada em sua totalidade – e não apenas por sua performance na Tenda dos Autores. Ele não ficou recluso no hotel e podia ser visto andando por lá.
Nem todos os visitantes que foram até Paraty atrás dos cartunistas conseguiram um autógrafo – a sessão durou meia hora. No fim, para Crumb, ver o grupo Os curandeiros pelas ruas de Paraty fez valer a viagem.