Crumb e Shelton entediados
PublishNews, Redação, 09/08/2010
Para Flavio Moura, participação do maior cartunista vivo deve ser lembrada em sua totalidade

Robert Crumb não queria vir ao Brasil. Gilbert Shelton também não gosta de viajar. Mas por insistência das mulheres, Aline Kominsky-Crumb e Lora Fountain, disseram sim à organização da Flip neste ano. Na mais esperada e lotada mesa desta edição da festa, os dois, um tanto entediados, falaram sobre a mulher brasileira, cantarolaram Garota de Ipanema e Aquarela do Brasil, fizeram palhaçada, conversaram sobre seus personagens e sobre o passado, mas não empolgaram a plateia.

Aline, também cartunista, foi chamada ao palco e tomou conta da última metade da conversa. Agradeceu por ter sido convidada, já que há 40 anos era ignorada. Crumb disse que o fato de Os três patetas serem conhecidos aqui nos anos 60 e 70 o fez respeitar mais o Brasil.

Na coletiva de balanço, a organização considerou positiva a participação deste que é um dos maiores cartunistas vivos. “Crumb sempre foi a maior figura que a gente poderia trazer”, disse Flavio Moura, diretor de programação, avaliando que foi uma grande coisa para o público da Flip poder estar perto dele. “E uma sorte ele ter ido até o palco”, contou, lembrando o gênio de Crumb, que uma vez se distraiu num sebo e não chegou a fazer a palestra combinada. Flavio disse ainda que sua participação na Flip deve ser lembrada em sua totalidade – e não apenas por sua performance na Tenda dos Autores. Ele não ficou recluso no hotel e podia ser visto andando por lá.

Nem todos os visitantes que foram até Paraty atrás dos cartunistas conseguiram um autógrafo – a sessão durou meia hora. No fim, para Crumb, ver o grupo Os curandeiros pelas ruas de Paraty fez valer a viagem.
[09/08/2010 00:00:00]