José Xavier Cortez não arredou o pé da porta do Tuca até que o último convidado chegasse para a festa de 30 anos de sua livraria e editora na noite de ontem, em São Paulo. Abraçou, beijou, tirou fotos, foi assediado e contou algumas novidades como o lançamento de duas biografias suas – uma para adultos e outra para crianças. Tudo isso com um sorriso de satisfação ao ver o teatro lotado de amigos e funcionários. “É magnífico, por demais saudável, ter tantos amigos. Me sinto muito privilegiado por isso. Chego aqui carregado de emoções e impregnado de lembranças”, disse o anfitrião.
Mario Sergio Cortella, autor da Cortez e mestre de cerimônias da festa, tentou um acordo para que a noite não se alongasse: “O Cortez não vai dançar forró e o Suplicy não vai falar”. Foi em vão. Quando a Orquestra Sanfônica começou o tocar Asa Branca, José Cortez, incentivado pelo senador, deu um show no palco. Suplicy resistiu e não falou
Para Cortez, 30 anos é uma data inesquecível e única. “Sinceramente, as coisas foram acontecendo e eu fui aproveitando as oportunidades. Mas tenho certeza de que há muito a se fazer e de que isso tudo é só o começo”, disse.
Ainda neste semestre, possivelmente em maio, sairá sua biografia escrita pela historiadora Teresa Sales, responsável pela primeira parte – do nascimento até 1964, e pela jornalista Goimar Dantas, que completará a obra. “Tem sido uma descoberta sensacional de personagem. Cortez é uma pessoa fascinante que cresceu, caiu, cresceu de novo. Nessas quase 80 entrevistas que fiz com ele, vi que é um gigante, um apaixonado pelo seu ofício de educar e propagar a cultura pelo livro”, contou Goimar. Um caderno de fotos ilustrará a biografia que será lançada em São Paulo, Recife, Natal e Currais Novos.
Já Silmara Casadei, autora da biografia infantil, disse que a ideia é incentivar a leitura entre as crianças através da história de pessoas que são bons exemplos, como é o caso do Cortez. “Vamos comparar sua trajetória a de um rio, que nasce no Nordeste e desemboca na praia”. A previsão de lançamento é para o segundo semestre.
Na plateia, entre tantos autores, editores e profissionais do mercado editorial, estava o funcionário mais antigo da Cortez, o produtor gráfico José Garcia Filho, na empresa há 27 anos. “O Cortez é uma das pessoas mais de bem com a vida que eu conheço, uma figura simples, sem aquela formalidade de dono, brincalhão e ligado no 220”, disse.
O best-seller da editora, José Joaquim Severino, autor de Metolodologia do Trabalho Científico, também estava lá. “Sou muito solidário ao sucesso do Cortez tendo em vista a qualidade educacional de seus projetos.”, comentou. Ele lembrou que a parceria entre eles dura os 30 anos da empresa. “A editora nasceu com o meu livro!”. De lá para cá, já foram mais de 300 mil exemplares.
Antes de apresentar o documentário “O semeador de livros”, sobre sua história, confessou que a leitura o levou a ser o que é hoje (sua trajetória começou nas lavouras, passou pela marinha, mercearias, por estacionamentos de carro, pelos corredores da Puc até a consolidação de sua editora e livraria como uma respeitada empresa do ramo). E se disse uma pessoa “essencialmente feliz”. A filha Mara lamentou apenas o erro de cálculo da mãe. Potira, que esteve ao lado de Cortez na empresa por todos esses anos, faleceu há seis meses.