O Brasil sob as perspectivas de um brasileiro e de um francês é o tema da noite de hoje na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37, São Paulo – Tel: 11- 3285-6986) com o lançamento de Crônicas do Inesperado (Imprensa Oficial, 232 pp., R$ 40), do embaixador aposentado Renato Prado Guimarães, e Viva o Brasil (Imprensa Oficial/Instituto Totem Cultural, 136 pp., R$ 60), do fotógrafo francês Xavier Roy. Os dois autores estarão presentes ao lançamento.
Ainda inédito no Brasil - a obra foi lançada na Feira de Livros de Frankfurt, em 2009 - , Crônicas do Inesperado mostra um autor dono de uma prosa inteligente e divertida, narrando casos curiosos sobre música, história, futebol, discursos e rotinas diplomáticas. Renato Prado Guimarães exalta a cultura brasileira e o Brasil sem esbarrar em ufanismos. Ele escreve, por exemplo, que a primeira carta sobre o Brasil não foi de Pero Vaz de Caminha e que cariocas pagaram a cachaça do carrasco da seleção brasileira na Copa de 1950, o capitão uruguaio Obdulio Varela. Ele contagia o leitor com a mesma surpresa que revela ter sentido nas descobertas ao longo de suas viagens profissionais.
Outro exemplo foi o episódio da Copa do Mundo de 2006: depois da derrota na Alemanha, o diplomata viu que nossa bandeira estava em liquidação em diversos estabelecimentos da cidade japonesa de Oizumi. “Reclamando que bandeira nacional não se liquida, usei dinheiro do próprio bolso para tirar de circulação todas as que pude localizar. Fiz com isso um bom estoque”, escreve. As 42 crônicas estão divididas em nove seções, apresentadas por fotografias de Marcos Vilas Boas, também autor da imagem de capa.
Viva o Brasil (veja a galeria de fotos), por sua vez, é uma exaltação ao País por meio de 119 fotografias, captadas em preto e branco entre 2003 e 2009 durante viagens do fotógrafo Xavier Roy por diversas cidades brasileiras, de São Paulo a Santarém, do Rio de Janeiro aos Lençóis Maranhenses. Roy tem uma carreira marcada principalmente por retratar o aspecto humano dos locais visitados, o que o insere na mesma tradição de fotógrafos como Cartier-Bresson - a dos profissionais de rua. Ele foi apresentado ao País pela literatura de Jorge Amado e a música de Gilberto Gil. O livro é co-editado pela Imprensa Oficial e pelo Instituto Totem Cultural.
Xavier iniciou sua carreira em 1963, como editor musical da Revista Vogue. Alguns anos mais tarde passou a fazer parte da organização da Midem Organization (atualmente Reed Midem), a maior feira mundial da indústria da música, o que lhe obrigou a realizar inúmeras viagens ao redor do mundo, levando sempre a tiracolo suas máquinas fotográficas. Em 1985, suas fotos foram publicadas pela primeira vez, pela revista Photo Magazine. Em 2003, Xavier deixou a Reed Midem para se dedicar inteiramente à fotografia.
Em entrevista concedida ao fotógrafo João Kulcsár e publicada na obra, Xavier afirma que no início da carreira imaginava fotografar as diferenças, mas na realidade somente percebemos essas diferenças através das imagens, e elas são somente superficiais. Para ele, o espírito humano, a alegria, a tristeza, o amor são os mesmos, aqui como em outro lugar.