Na Pauliceia de meados do século XX, Gino Meneghetti era um artista. Um artista na arte de roubar. Chegou a São Paulo pela onda de imigração dos muitos italianos que vieram ao Brasil em busca de trabalho. Mas logo ficou claro que sua trajetória teria pouco em comum com a de seus conterrâneos. Meneghetti – O gato dos telhados (Boitempo Editorial, 136 pp., R$ 29), obra escrita por Mouzar Benedito, apresenta o perfil desse anti-herói italiano que ganhou notoriedade por seus roubos e fugas espetaculares. O jornalista resgata a lendária "carreira" de Meneghetti, que foi acompanhada pela sociedade da época e gerou muitas histórias transmitidas até hoje na capital. A obra integra a Coleção Paulicéia.
Conhecido por roubar somente dos ricos e por sua politização contestadora, Meneghetti fez sua fama por empreender assaltos, fugas da polícia, passagens pela prisão e ainda por protagonizar muitos "causos" na cidade no início do século XX. A pesquisa biográfica de Marcel Gomes e Antonio Biondi complementa o retrato de um dos maiores larápios que São Paulo já conheceu. A obra traz ainda a história em quadrinhos, criada em 1976 por Luiz Gê para o jornal Versus, que inspirou o curta metragem de Beto Brant sobre a história do italiano. Na próxima quinta-feira, dia 28, o livro ganhará noite de autógrafos a partir das 19h na Livraria da Vila da Fradique (Rua Fradique Coutinho, 915 - Vila Madalena - São Paulo/SP).
De acordo com informação publicada na revista “Vila Cultural” (Janeiro 2010), a casa onde está localizada a livraria da Fradique é o local onde Meneghetti foi preso pela última vez, em 14 de junho de 1970. Na época, o italiano estava com 92 anos. O bandido ficou famoso porque nunca feriu as pessoas que roubou, assaltava principalmente mansões e deixava sobre a mesa da sala um cartão com a sua assinatura. Devido a sua facilidade de se locomover pelo telhado das casas para fugir dos cercos da polícia, era conhecido também pelo apelido de gato de telhado.