Tudo começa numa simples aposta de futebol. Máiquel, um jovem vendedor de carros usados na periferia de São Paulo, erra o palpite e precisa pagar a prenda: tingir o cabelo. Em vez do castanho alourado prometido, o rapaz sai do salão completamente louro. É este o improvável estopim para a escalada de eventos quase casuais — uma dor de dente, a admiração por uma loja de departamentos, um mal-entendido num bar — que leva Máiquel a se tornar “O matador da Zona Sul”. É assim que Patrícia Melo compõe o ambiente de violência de O matador (Rocco, 240 pp., R$ 36), romance que, juntamente com Acqua toffana, marca a chegada da autora à Rocco. A editora irá relançar, com novo projeto gráfico, toda sua obra, além de um inédito, com previsão de publicação para o primeiro semestre de 2010.
Publicado originalmente em 1995 e traduzido para diversas línguas, O matador foi indicado ao Prix Femina, um dos prêmios literários mais importantes da França; conquistou o também francês Deux Océans e o alemão Deutscher Krimi Preis. Em 2003, virou o filme “O homem do ano”, tendo Murilo Benício no papel de Máiquel, José Henrique Fonseca na direção e Rubem Fonseca assinando o roteiro. No livro, o leitor encontrará uma narrativa onde se intercalam onomatopeias, gags televisivas e bordões publicitários, com a reprodução do cenário urbano no qual a violência é só um elemento a mais do caos cotidiano.