E-books mais baratos já!
PublishNews, Victoria Gallagher, 11/12/2009
Pesquisa revela que um dos principais obstáculos para a difusão do e-book é o preço

E-books mais baratos e a emergência do e-Reader da Apple serão o carro-chefe do mercado de livros digitais. Essa é a opinião de cerca de mil profissionais do livro, de acordo com uma pesquisa realizada pela revista inglesa The Bookseller, durante uma conferência sobre o futuro do livro digital em Londres. A pesquisa revela que 88% dos entrevistados acham que as livrarias físicas perderão parte de suas vendas com o crescimento das vendas digitais, enquanto 55 % disseram que não apóiam o projeto de livros digitais do Google. Um dos principais obstáculos à difusão do e-Book é o preço. Embora 44% dos entrevistados já tenham lido um e-Book na tela, somente 19% compraram um. A maioria disse que o preço de um e-Book deve ser igual (30,1%) a um livro de brochura ou mais barato (53,6%).

Até o momento, as editoras estão colocando os livros digitais a um preço equivalente ao da edição impressa, mas essa medida é um obstáculo ao crescimento do mercado dos e-Books. “O alto preço do e-Book é o principal obstáculo para sua popularização”, diz um dos participantes da pesquisa. “Os leitores não conseguem entender a razão de se vender e-Book mais caro que livros de brochura.” Mas há também a preocupação de que preços baixos demais podem desvalorizar as edições digitais. “E-Books não devem ter um preço inferior ao do livro impresso porque isso desvaloriza o ‘livro’ como produto”, disse um entrevistado. Já outro destaca que “é importante valorizar todo o trabalho que envolve a escrita, edição e formatação do conteúdo”. Um editor resumiu o dilema: “Obviamente como um editor entendo os altos custos que demandam um produto digital, entretanto, como consumidor eu gostaria de pagar menos, como quando fazemos download de um álbum na internet.”

Muitos acreditam que a indústria editorial ainda vai sofrer grandes mudanças com os novos produtos digitais. Cerca de 70% dos 1.080 entrevistados disseram que os profissionais do mercado do livro devem se qualificar profissionalmente para tirar vantagem da mídia digital. Livrarias físicas serão o setor mais atingido com o crescimento do uso de conteúdo digital. É o que acreditam 88% dos entrevistados. Entretanto, apesar das previsões apocalípticas, muitos dizem que não há razões para pânico. “Todos irão ganhar com o livro digital ao tornar a leitura mais fácil e mais acessível, além de ter maior apelo entre os jovens. As livrarias precisam se tornar prestadores de serviço – tecnologia, alguns livros impressos (por exemplo, livros infantis, mapas, livros de arte), rodas de leitura, seminários, palestras, work shops, etc.,”, comenta um entrevistado. Outro diz: “Aqueles que se engajarem em tornar seu conteúdo fácil para se acessar digitalmente e parar de pensar somente na questão do suporte irão sair na frente.”

Quase 70% dos entrevistados acreditam que dispositivos próprios para leituras serão a chave para o crescimento da publicação digital. Apesar da emergência de celulares com aplicativos para e-book, 42% afirmam que a maioria das pessoas leriam e-Books em um e-Reader especial para isso. Apple foi apontada como a companhia que ficará no top list na guerra de e-Readers com 52%. Amazon ficou em segundo lugar e Sony, em terceiro. A maioria dos entrevistados atribui a menos de 10% o número de vendas de e-books no mercado editorial (47%). Mas, até 2025, 16% disseram que mais de 51% das vendas seria de conteúdo digital, ao passo que apenas 5% disseram que o mercado eletrônico seria menos de 10% das vendas totais. Mais de 50% das respostas da pesquisa veio de editores com os restantes provenientes de livreiros, bibliotecários, agentes e os autores.

Victoria Gallagher

Tradução: Taynée Mendes
[11/12/2009 01:00:00]