Na noite de terça-feira, dia 29, a cidade gaúcha de Passo Fundo recebeu o filósofo Pierre Lévy como palestrante da Pré-Jornada de Literatura, evento que antecede a programação da 13ª Jornada Nacional de Literatura, que acontece de 26 a 30 de outubro. O convidado participou da conferência “Rumo a uma civilização de inteligência coletiva”, transmitida a diferentes auditórios da Universidade de Passo Fundo por videoconferência. Conforme Lévy, “a inteligência coletiva está presente em todas as formas de vida, inclusive na vida social. Como seres humanos temos a capacidade de pensar coletivamente. Mais do que pensar, temos a linguagem, que nos diferencia dos animais e nos dá condições de manipular melhor os símbolos e agir coletivamente”. Com essas palavras reforçou sua ideia de que os seres humanos estão passando por uma revolução de cultura, o que se faz com a manipulação de símbolos, como palavras, imagens, gestos, e sistemas mais complexos, como leis e religiões.
Na opinião de Lévy, o grande significado da computação é a manipulação, a automação desses meios simbólicos. “Quando nossa capacidade de manipular os símbolos é ampliada pelos computadores, consequentemente a nossa inteligência coletiva também é ampliada”, salientou. Sobre a informação livre, como na Enciclopédia Wikipédia, em que as pessoas atualizam ou corrigem livremente conteúdos, Lévy lembrou que num novo contexto, as questões de propriedade intelectual e direitos autorais terão de ser repensadas. “De alguma forma essas pessoas que estão trabalhando precisam ser remuneradas”, argumentou.
Sobre o papel do professor em sala de aula frente às novas tecnologias, Lévy declarou que são três aspectos a serem observados. Conforme ele, as ferramentas tecnológicas são as mesmas para a educação e comunicação, isto é, não há diferença entre fazer um blog em sala de aula ou fora dela; igualmente, para o filósofo, o professor precisa participar mais da vida cultural da comunidade, e ainda, o professor precisa animar, incentivar os alunos a participarem ativamente da tecnologia e utilizá-la na sua vida e na sociedade. O filósofo também comentou os aspectos da democracia, da ciência e da economia neste novo contexto tecnológico. Lévy acredita que a inteligência coletiva aumenta com o uso do ciberespaço. “Hoje, numa democracia, mais pessoas podem dar opinião através da internet”, finalizou.
O filósofo Pierre Lévy é autor de uma dezena de obras filosóficas sobre a cultura do mundo virtual e as novas tecnologias. Realizou seus estudos na França; doutorou-se em Sociologia e em Ciências da Informação e da Comunicação. Lecionou em várias universidades de Paris e Montreal e atualmente é professor da Université du Québec à Trois-Rivières, na cidade de Quebec, Canadá.
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