Fiéis, em princípio, à tradição fabular de Esopo e La Fontaine, os contos de Fábulas farsas (Opera Prima Editorial, 136 pp. R$ 35), de Gil Veloso com ilustração de Vanderlei Lopes, tratam do comportamento humano a partir de associações com o caráter animal. Veloso vai além da antropomorfização de bichos domésticos e selvagens. O panorama ético que se compõe é de via dupla: animais que representam o humano – como na história da joaninha escritora em busca da glória literária e na crise de idade de um vaga-lume que deseja ficar literalmente apagado num spa. Nessa nova fábula brasileira não deixam de entrar vícios e vaidades que se podem dizer “eternos” no comportamento humano, mas ao mesmo tempo são injetados temas que alimentam nosso cotidiano, como as sexualidades alternativas, as percepções quimicamente alteradas e a corrida pela celebridade. O livro, que marca a estreia da editora Opera Prima na ficção, concorreu em 2008 ao prêmio-estímulo da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e foi contemplado, entre centenas de inscrições. Entre os próximos lançamentos da editora estão estudos e crítica sobre cinematografias especiais – sobretudo européias e orientais -, além da ampliação da coleção de clássicos, com traduções da lírica e da filosofia da antiga Pérsia, da China e da Índia.