Nesta quinta-feira (10/09), os escritores João Silvério Trevisan e Reinaldo Moraes vão estar no programa Letra Livre– do apresentador Manuel da Costa Pinto, que vai ao ar a partir das 23h10, na TV Cultura – para debater, entre outros temas, se a literatura pode e deve ter compromisso com a realidade. Trevisan tem seu trabalho intelectual associado a uma trajetória de militância política, pelas minorias, e Moraes publicou justamente um livro que joga toda essa ideia para o alto – Tanto faz. Durante o programa, eles falam das semelhanças e diferenças entre suas obras. João comenta a importância da contracultura em sua trajetória e a temática homoerótica em seus livros. Já Reinaldo discursa sobre o título Tanto faz e comenta, inclusive, se ele traz um discurso engajado. Também conta sobre o período que ficou sem escrever, entre 1985 e 2003, e menciona referências como Burroughs e Thomas Pynchon.
João Silvério Trevisan tem uma extensa obra ficcional. É um escritor que fez da experiência homossexual um dos eixos de sua obra, sem, contudo, ficar restrito a esse universo temático. Escreveu Devassos no paraíso, abrangente estudo da homossexualidade, desde o Brasil colônia até hoje. Dramaturgo e diretor, dirigiu, dentre outros, o longa Orgia ou o homem que deu cria, que pertence ao repertório do cinema marginal dos anos 70, e conquistou o Prêmio Jabuti pelo livro de contos Troços e destroços e pelos romances O livro do avesso e Ana em Veneza.
Reinaldo Moraes estreou com o romance Tanto faz e se tornou um ícone da literatura dos anos 80. Depois de duas décadas de ditadura militar, trouxe uma narrativa sintonizada com a nova cena urbana, mais hedonista, herdeira do desbunde dos anos 70 –, porém sem o compromisso contracultural. Também é tradutor e roteirista. Depois de publicar A órbita dos caracóis e o livro de contos Umidade, acaba de lançar Pornopopéia, jornada épico-pornográfica por uma São Paulo que é o cenário ideal para todas as formas contemporâneas de excesso.