Guillermo del Toro se aventura no romance
PublishNews, Redação, 18/08/2009

Confira entrevista com Guillermo Del Toro

Você tem escrito roteiros e dirigido vários filmes, só para citar alguns dos seus inúmeros projetos. O que o motivou a escrever um romance?

É um desafio diferente, mas eu sempre escrevi pequenas histórias e storylines (forma mais livre de apresentar um roteiro) para os filmes. Eu já publiquei alguns destes contos no passado e sempre tive o sonho secreto de escrever histórias capazes de provocar calafrios nos leitores. Como leitor, eu amo a forma dos contos, mas se um romance tem uma estrutura bem resumida eu acho muito mais imersiva e satisfatória.

Você é hoje um dos mais criativos pensadores dentre os que trabalham com arte. Quais são algumas das influências que contribuíram para o seu sucesso?

Normalmente, eu tiro mais inspiração de pintores e livros do que de outros filmes. Pintores como Carlos Schwabe, Odilon Redon, Félicien Rops, Arnold Bocklin, Lucian Freud, Francis Bacon, Thomas Cole e muitos outros nunca deixam de me estimular. E, no meio literário, também há muitos autores que me inspiram como Charles Dickens, Oscar Wilde, Juan Rulfo, Horacio Quiroga e outros.

Muitos dos seus filmes são centrados em personagens fantásticos. Por que você escolheu escrever seu primeiro romance sobre vampiros?

Por toda a minha vida eu fui fascinado por eles, mas sempre de um ponto de vista naturalista. Cronos, meu primeiro filme, era para ser uma releitura do gênero – eu adoro releituras de um velho mito. Então, quando eu comecei Blade II, eu tinha uma lista enorme de ideias sobre a biologia dos vampiros e apenas umas poucas foram aproveitadas no filme. No final, o longa precisava ser de ação e algumas das ideias biológicas eram perturbadoras demais… E amo a ideia de utilizar a biologia e os ângulos evolucionários para explicar as origens e as funções do gene “Vampiro”. Alguns dos meus livros favoritos sobre vampirismo eram tratados sobre o assunto, como os de Bernard J. Hurwood, Dom Augustin Calmet, Montague Summers etc.

Existem muitas histórias, filmes e até programas de televisão envolvendo vampiros. Noturno usa a ideia de que os vampiros são uma praga e o líder dos caçadores é um cientista do Projeto Canario. Qual foi a sua inspiração para esta trama?

Quando eu era garoto, amava Kolchak e os demônios da noite (The Night Stalker) e me apaixonei pela ideia que Matheson e Rice lançam de explorar uma criatura com uma estatura tão poderosa como um trabalhador comum, um homem capaz de lidar com as coisas de uma maneira profissional, como se fosse apenas mais um dia de trabalho.

Como você e Chuck Hogan se reuniram para escrever Noturno? E como funciona a colaboração de vocês?

É uma verdadeira colaboração. Eu criei uma “bíblia” para o livro. Ela contém a maior parte da estrutura de ideias e os personagens, e então chegou a vez de Chuck mexer na “bíblia”. Ele inventou novas ideias e novos personagens. Fet, um dos meus personagens preferidos, foi completamente criado por ele. E então o material retorna novamente para eu escrever novos capítulos ou editar a passagem dele, e mais uma vez é a vez de Hogan mexer na minha passagem, e assim por diante. Eu já escrevi dessa maneira colaborativa anteriormente. Adoro o estilo de Chuck e as ideias dos seus livros, e eu o queria especificamente como parceiro por causa do seu forte senso de realidade e por nunca ter escrito um livro de terror. Assim, eu sabia que nós íamos nos completar no processo de criação deste livro. O que me surpreendeu é que ele veio com algumas situações horríveis por conta própria. Ele terminou se revelando um cara bem perturbado.
[18/08/2009 00:00:00]