Pouca gente sabe, mas nos idos de 1920 imigrantes judeus começaram a povoar o, na época, recém-lançado, loteamento que depois de anos seria conhecido como a cidade de Nilópolis, à beira da Central do Brasil. Em 1932 uma editora da cidade lançou o primeiro livro em iídiche produzido no Brasil, Novos lares (neie Heimen), de Adolfo Kischnhevsky – relojoeiro, mascate e jornalista. Por 76 anos o livro se manteve no idioma original até que em 2008 foi lançado pela Editora de Cultura (104 pp., R$ 25 - Trad.: Nachman Falbel e Sarah Morelenbaum). Novos lares conta a história da comunidade judaica em Nilópolis, história que no filme homônimo é a linha férrea que conduz o trem da Central do Brasil, levando de volta às origens um grupo de judeus nascidos, ou descendente de nascidos, em Nilópolis. O documentário foi o vencedor da 13ª Mostra de Cinema Judaico de São Paulo e conta, numa narrativa muito agradável, o que resta nos dias de hoje do comércio – que teve sua última loja de propriedade de um judeu fechada em 2007 – e da sinagoga. A dor nos olhos do povo que volta às origens e encontra as ruínas do que Novos lares (o livro) conta e que eles vivenciaram, emociona e provoca. O que será do pouco que ainda resta da comunidade em Nilópolis?
