Um lugar solitário, pessoas que vivem isoladas de tudo e o contato delas com uma nova realidade. Com este enredo está composto o livro Antes de nascer o mundo (Companhia das Letras, 280 pp., R$ 42 – Trad.: Rita da Costa Aguiar), de Mia Couto, um dos maiores expoentes da literatura africana de expressão portuguesa. Jesusalém, ermo encravado na savana, em Moçambique, abriga cinco almas apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali, Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o Tio Aproximado e o serviçal Zacaria tem um passado de pura negação recortada em torno da figura da mãe morta em circunstâncias misteriosas, e um futuro inexistente. Silvestre afiança aos filhos e ao criado que o mundo acabou e que a mulher - qualquer mulher - é a desgraça dos homens. Mas um belo dia os donos do mundo voltarão para reivindicar a terra de Jesusalém. E não só isso: uma bela mulher também virá para agitar a inércia dos dias solitários daqueles homens.