Na tarde desta sexta-feira, 3 de julho, mesmo acontecendo no horário da concorrida mesa de Gay Talese, a programação da Flip - Casa da Cultura surpreendeu com o debate “Intercâmbios Literários entre Brasil e França”. Mediadas por Angel Bojadsen, da editora brasileira Estação Liberdade, Anne-Solange Noble, responsável pelos direitos estrangeiros da editora Gallimard, e Françoise Nyssen, diretora editorial da Actes Sud, discutiram a presença da literatura brasileira no universo literário francês, a profissão de ‘intermediárias’ editoriais entre países, além da questão de preços dos livros no Brasil e no mundo, bastante debatida pelo público. Entre os presentes que lotaram o auditório estavam os escritores Grégoire Bouillier e Olivier Pourrioul, que também já haviam participado de mesas da Festa e fizeram perguntas aos participantes.
Apaixonadas pelo métier de “passeur” (ou ‘passeuse’ no feminino) - expressão utilizada no ramo que designa aquele que passa ideias e palavras -, ambas falaram da função como um negócio baseado em encontros e, segundo, Françoise Nyssen, lançando mão da Biologia Molecular, sua primeira profissão, que seu trabalho seria como o de catalisadora de livros, ou seja, alguém que permite que a obra exista. Já Anne Solange Noble, da prestigiada Gallimard, que tem no portfólio de brasileiros traduzidos na França de Jorge Amado, Chico Buarque a Daniel Galera, comentou a importância de poderem reconhecer em um certo público ou país a possibilidade de aderirem à publicação de uma obra, independente da opinião pessoal delas em relação ao livro. “O contrato é a parte menos importante do meu trabalho. Minha satisfação é saber que aquele livro x, que talvez não tenha tido muita expressão no meu país, vai ser adorado por alguém lá em Estocolmo”.
Sobre a relação Brasil e França no mundo editorial, Noble foi só sorrisos “Vocês tem editoras formidáveis, muito profissionais e a FLIP é um exemplo disso. A festa não seria possível sem este público maravilhoso, um público de curiosos!” Françoise Nyssen, da Acts Sud, responsável no exterior por autores como Milton Hatoum, não deixou de jogar luz na importância do livreiro. “Quando falamos em edição, publicação, não podemos esquecer o grande papel do livreiro, que nos dá a oportunidade de ler todos os escritores e a quem somos bastante agradecidas”. Questionadas sobre os exorbitantes preços dos livros no Brasil, Nyssen foi taxativa: “deveriam criar aqui no Brasil uma lei como há na França, do preço único, onde todos os livros têm o mesmo preço em qualquer lugar, em todo o país. Se vocês precisarem, poderemos ajudá-los nisso”, brincou.






