Super lançamento
PublishNews, Redação, 19/06/2009

Depois de Terra e cinzas (2002) e As mil casas do sonho e do terror (2003), chega ao Brasil o novo livro do aclamado escritor afegão Atiq Rahimi, Syngué sabour: Pedra-de-paciência (Estação Liberdade, 152 pp., R$ 30 – Trad. Flávia Nascimento). Com presença confirmada na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) e em eventos das comemorações do Ano da França no Brasil, o autor revela nesta obra a história de uma mulher afegã que vela o marido - ele vegeta em uma cama com uma bala alojada na cabeça. Os tempos são difíceis, na rua os tanques e as Kalashnikov atiram sem cessar, a guerra civil impera às portas da casa onde a mulher espera por um milagre. Enquanto isso, lentamente, ela faz jorrarem de dentro de si as recordações há muito escondidas, passando a narrar ao marido fatos que ele sempre ignorara.

A ideia para a obra surgiu a partir de um episódio em que foi convidado para um evento literário em Cabul por uma amiga, a poeta Nadia Anjuman. Chegando lá, descobriu que a poeta estava morta, por “causas familiares”. Investigando, soube que Nadia havia sido espancada até a morte pelo próprio marido, com a conivência da mãe, pois eles discordavam de seu modo de vida. A frase que abre o livro - “Em algum lugar do Afeganistão ou alhures” - já revela a proposta do autor de não particularizar sua obra no âmbito topográfico: é sobre cultura afegã, ou, mais precisamente, sobre a ortodoxia islâmica que o autor se debruça em Syngué sabour. Não por acaso anônimos, seus personagens fazem irromper as tensões de todo um povo, as mazelas de uma região ressentida de conflitos perenes, sem, no entanto, que se abdique da sutileza e do refinamento do detalhe. Rahimi conduz o leitor entre o lirismo e a contundência, entre o que é velado e o que se escancara, através dos conflitos políticos, religiosos e morais de um país em escombros. Esta obra, a primeira que ele escreveu diretamente em francês, consolida o autor afegão como um dos grandes nomes da literatura trans-étnica deste início de século XXI.
[19/06/2009 00:00:00]