Marina Colasanti volta à poesia com Passageira em trânsito (Record, 128 pp., R$ 28). “E logo”, o primeiro poema do livro, anuncia o tom da jornada em que estamos prestes a embarcar. A autora se declara a bordo de um avião que ainda taxia na pista, mas que “faz-se ave” ao se desprender do chão. E então, “Adiante às cegas”, como bem sugere o título do poema seguinte, a autora se lança e nos conduz em uma viagem de sensações. De um insólito dia chuvoso em Seoul a mais um domingo que se gasta em Mury, ou de uma orquídea que cresce em pleno Mar Báltico à silenciosa vida marinha de Galápagos, sempre a mesma percepção aguçada que, por vezes, chega a tornar-se avassaladora. Como no dia em que ela não sai do quarto do hotel em Miami para acompanhar o peculiar “deslizar das horas no vidrespelho do edifício em frente”.